Os mercados financeiros dos países emergentes reagiram, em sua maioria, como esperado à vitória de Donald Trump e a uma provável vitória republicana. À medida que o dólar americano subia, a maioria de suas divisas se depreciava, com o peso mexicano e as divisas dos fabricantes asiáticos sendo as mais afetadas. Assim que os detalhes sobre o tamanho e o calendário dos impostos estiverem mais claros, esperamos que as divisas emergentes, especialmente o yuan chinês e o peso mexicano, se enfraqueçam ainda mais.
A renda variável chinesa caiu como esperado, mas o mercado também está aguardando os detalhes das medidas fiscais que devem ser divulgadas na sexta-feira. A alta das taxas de juros nos EUA dominou os rendimentos do crédito nos mercados emergentes. Continuamos esperando que o diferencial de crédito dos mercados emergentes aumente no curto prazo.
As divisas
Os mercados emergentes começaram a reagir à medida que havia mais clareza sobre o resultado. De maneira geral, as primeiras reações foram as esperadas: ao meio-dia, hora central europeia, a maioria das divisas dos mercados emergentes havia se enfraquecido frente ao dólar americano. Ontem, o yuan chinês perdeu 1,3%, situando-se em 7,18, enquanto o peso mexicano perdeu 2,8%, alcançando 20,66.
As divisas asiáticas sofreram quedas generalizadas, principalmente as mais expostas ao comércio com os Estados Unidos: 1,2% para o won sul-coreano, 1,3% para o ringgit malaio e 1,7% para o baht tailandês. Como era de se esperar, os efeitos foram mais moderados para a rupia indiana (0,2%) e a rupia indonésia (0,6%). Considerando que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes que poderia sair ganhando nas possíveis guerras comerciais devido às represálias da China, o real brasileiro valorizou 0,65%.
Renda variável e crédito
As ações chinesas e mexicanas caíram como esperado diante da iminência de uma possível guerra comercial. O índice Hang Seng Chinese Enterprises perdeu 2,6%, enquanto o MSCI México caiu 1,6% esta manhã. Um dólar americano mais alto nas próximas semanas continuará pressionando para baixo as divisas e as ações dos mercados emergentes.
As taxas de juros nos EUA subiram quase 20 pontos base, atingindo 4,44%, o que condicionou o comportamento do crédito nos mercados emergentes na manhã de ontem. Os diferenciais do crédito corporativo dos mercados emergentes parecem ter se movido muito pouco, o que sugere que o mercado não precificou os possíveis impostos. No entanto, parte disso pode ser apenas um atraso nos preços spot dos bônus, por isso podemos precisar esperar uma reação completa até amanhã. Considerando que a China representa cerca de 25% da classe de ativos e que a Ásia, sem a China, representa outros 25%, esperamos que ocorra uma ampliação maior no curto prazo.
Aguardando a China
O mercado também aguarda os detalhes das medidas fiscais da China, que devem ser anunciadas ao final do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional, na sexta-feira. Um amplo pacote de emissão de bônus com um calendário flexível em termos de emissão seria considerado positivo para o mercado chinês. Mesmo assim, tarifas de 60% provavelmente reduzirão o crescimento chinês em 1 ponto percentual em relação à nossa projeção de 2025 de 4,5%. O governo chinês teria que ser mais ousado em seu apoio à economia para compensar os ventos contrários causados pelos impostos.
Comentário de Mali Chivakul, economista de mercados emergentes para J. Safra Sarasin Sustainable AM.