As transações de venda realizadas por fundos de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) totalizaram R$ 3,9 bilhões de janeiro a setembro deste ano, segundo relatório divulgado pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) em parceria com a TTR Data.
O levantamento destaca que as operações de desinvestimento dos fundos de PE e VC somaram 24 saídas no período, refletindo a maturidade do mercado brasileiro de capitais mesmo diante de um cenário adverso.
Os fundos de Private Equity foram responsáveis por 18 operações de saída, com um volume financeiro de R$ 2,9 bilhões. Destas, quatro ocorreram via mercado secundário, onde um fundo vende sua participação para outro fundo, e 14 via trade sale, quando a participação é vendida para compradores estratégicos. Os setores mais movimentados foram Consumo, Produtos e Serviços (R$ 1,3 bilhão), Serviços Financeiros (R$ 1,1 bilhão) e Indústria (R$ 500 milhões). Em 2023, os fundos de PE registraram 27 saídas, totalizando R$ 10,7 bilhões.
Os fundos de Venture Capital realizaram seis saídas entre janeiro e setembro de 2024, totalizando R$ 1,05 bilhão em desinvestimentos. As operações envolveram dois desinvestimentos via mercado secundário e quatro trade sales.
Os setores de Tecnologia da Informação (R$ 900 milhões) e Mídia, entretenimento e serviços de informação (R$ 150 milhões) concentraram a maior parte dos valores. Em 2023, o setor de VC contabilizou 36 saídas ao longo do ano, movimentando R$ 6,4 bilhões.
Segundo Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP, os resultados indicam uma evolução do mercado brasileiro de PE e VC. “Mesmo com o cenário atual de seca de IPOs na bolsa brasileira e ainda com um patamar elevado de juros impactando diretamente na indústria de PE e VC, os fundos estão realizando saídas por meio de vendas via mercado secundário e via trade sale. Isso mostra a maturidade do nosso mercado e a capacidade dos fundos de reciclar capital para poderem realizar um novo ciclo de investimentos”, afirmou.
Investimentos dos Fundos
O relatório também apresenta os dados sobre os aportes realizados pelos fundos de PE e VC ao longo do período. No terceiro trimestre, os fundos de Private Equity injetaram R$ 1,4 bilhão em 13 operações, uma queda de 60% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram movimentados R$ 3,5 bilhões em 18 transações. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, os investimentos somaram R$ 8,7 bilhões em 51 operações. Os setores mais beneficiados foram Consumo, Produtos e Serviços (34%), Energia (24,3%), Tecnologia da Informação (15,4%) e Business Services (9,6%).
Os fundos de Venture Capital investiram R$ 1,7 bilhão em 31 empresas no terceiro trimestre, o que representa uma redução de 37% em comparação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, os fundos de VC registraram 103 operações, com um total de R$ 5,5 bilhões investidos. Entre os setores mais beneficiados destacam-se Tecnologia da Informação (63,55%), Serviços Financeiros (12,29%) e Consumo, Produtos e Serviços (9,78%).
Corporate Venture Capital em Destaque
O relatório da ABVCAP e TTR Data também aponta os números referentes ao Corporate Venture Capital (CVC). No terceiro trimestre, foram realizadas 17 operações de CVC, somando R$ 600 milhões, uma queda significativa de 60% em comparação aos R$ 1,5 bilhão investidos no mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, foram realizadas 60 operações, totalizando R$ 1,3 bilhão. Os setores mais beneficiados foram Tecnologia da Informação (68%) e Healthcare (10%).
Wagner Rodrigues, diretor da TTR Data, ressaltou a importância da análise das operações de saída dos fundos para uma melhor compreensão do comportamento das gestoras. “Nós estamos acompanhando a indústria e aferimos os dados trimestralmente para entender melhor os movimentos dos fundos de Private Equity, Venture Capital e Corporate Venture Capital. Desta vez, exploramos também os dados de saídas dos fundos, revelando o comportamento adotado pelas gestoras diante desta seca de IPOs”, comentou Rodrigues.
Os dados apresentados no relatório destacam a resiliência do mercado brasileiro de PE e VC, evidenciando uma adaptação dos fundos para contornar o cenário desafiador atual, caracterizado por uma escassez de ofertas públicas iniciais (IPOs) e juros elevados.