O peso mexicano manteve uma relativa estabilidade no presente ano, apesar da incerteza desencadeada pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e suas constantes ameaças de impor impostos sobre as exportações que o México faz para esse país.
No entanto, um indicador relacionado ao câmbio no México reflete as pressões que existem sobre a moeda neste momento; de acordo com números do Banco Base, em janeiro passado foi atingido um recorde histórico em coberturas cambiais peso-dólar, para um mês similar, com 346,9 milhões de dólares, cifra que superou em 77% a média de janeiro dos últimos três anos (2022-2024).
O aumento das coberturas cambiais no México se originou da incerteza política e econômica, incluindo a ameaça de tarifas a partir do início do segundo mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Este notável aumento reflete um maior apetite por instrumentos de cobertura diante de um ambiente econômico e político volátil, mantendo a inércia observada durante 2024”, explicou o Banco Base em uma análise.
Segundo os números da instituição bancária, o prazo médio das operações com coberturas cambiais em janeiro de 2025 foi de 57 dias, mantendo-se alinhado ao observado durante o ano de 2024. Esse dado sugere que, apesar do aumento no volume, as empresas continuam gerenciando seus riscos com horizontes de tempo semelhantes, embora com um enfoque mais preventivo e estratégico.
“A volatilidade cambial continuará sendo um fator-chave ao longo do ano. Nesse contexto, as coberturas cambiais ganharam maior relevância como um mecanismo para mitigar riscos e garantir estabilidade financeira”, disse Nicolás Eguiarte Corona, diretor de desenvolvimento comercial e crescimento do Banco Base.
“Em janeiro de 2025, o volume de coberturas registrou um aumento de 77%, refletindo uma crescente preocupação em gerenciar a exposição ao câmbio de maneira antecipada, o que demonstra um maior nível de educação sobre esse tipo de instrumento”, afirmou o estrategista.
O aumento das coberturas também sugere que as empresas e suas tesourarias planejaram com maior cautela e buscaram se proteger da volatilidade, com o objetivo de resguardar seus fluxos de caixa e cumprir com seus compromissos financeiros em um contexto de incerteza.
O Banco Base estima que, entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024, as empresas que implementaram essas estratégias de cobertura cambial conseguiram economias acumuladas de mais de 3,137 bilhões de pesos (156,85 milhões de dólares).
A volatilidade cambial continuará
Para os analistas, a volatilidade do câmbio no México se manterá devido ao contexto de pressões tarifárias e outros fatores de natureza geopolítica.
A equipe de análise do Banamex estimou na semana passada que, caso se concretize a aplicação de tarifas contra o México, o câmbio poderá alcançar níveis de até 21,5 pesos por dólar, e dependendo da duração das tarifas e dos setores afetados, poderão ser registrados máximos de até 23,5 pesos por dólar.
Os analistas do Banco Base são um pouco mais pessimistas e consideram que, caso as tarifas sejam aplicadas e sua duração seja de um trimestre ou mais, veremos novos mínimos para o peso em relação ao dólar, superando o mínimo vigente (máximo valor do dólar), situado em 25,13 pesos por dólar.
Se considerarmos o fechamento de 2024 em 20,8197 pesos, em relação ao nível médio da presente semana de 20,5030 unidades, temos, de fato, uma leve apreciação de 1,42% para a moeda latino-americana até o momento.
Mas é um fato que as pressões sobre o peso são maiores no presente ano, e os números de coberturas cambiais já refletem essa realidade.
Por Redacción Américas