À medida que setembro avança, mês em que se esperam os primeiros intercâmbios de informações tributárias entre a Argentina e os Estados Unidos, os primeiros dados do Regime de Regularização de Ativos apontam para o mercado interno, um fenômeno que a imprensa local não hesita em chamar de “blanqueo del colchón” (regularização de ativos guardados de forma informal, fora do sistema financeiro).
“Até o momento, o maior impacto em novas contas está sendo observado principalmente nos bancos, que já abriram 23.000 contas. Como este processo de regularização está focado nos pequenos investidores e no fortalecimento das reservas, seria natural que uma parte significativa dos cerca de 14 bilhões de dólares em depósitos privados em dólares que saíram após as eleições internas de 2019 retornassem ao sistema financeiro”, afirmam especialistas do Adcap Grupo Financiero.
Há muitas pessoas e pouco dinheiro, reforçam os contadores consultados. No entanto, espera-se que até 40 bilhões de dólares possam ser regularizados.
Segundo o Infobae, “à medida que a adesão ao processo de regularização de capitais avançava, os depósitos privados em dólares em espécie aumentaram para 19,643 bilhões de dólares em 3 de setembro, um nível máximo desde 25 de outubro de 2019, quando somaram 19,867 bilhões de dólares.”
O Adcap Grupo Financiero observa que, de acordo com estimativas conservadoras, os argentinos possuem, no mínimo, 100 bilhões de dólares armazenados no país, distribuídos em 850.000 cofres de segurança.
Esse valor aumenta ainda mais se somarmos as contas no exterior. De acordo com o último relatório do Indec, com dados do primeiro trimestre de 2024, estima-se que os argentinos possuem 238,233 bilhões de dólares em dinheiro fora do sistema financeiro argentino (excluindo os depósitos em bancos locais). Esse valor pode estar em contas à vista no exterior – mesmo que declaradas e sujeitas ao pagamento de impostos – ou guardado em caixas de segurança em bancos argentinos, cofres privados ou, como é popularmente dito, “debaixo do colchão”, fora do controle oficial e alimentando o mercado paralelo.
De acordo com dados oficiais, o processo de regularização realizado durante a administração de Mauricio Macri (2015-2019) trouxe ao sistema financeiro um recorde de 116,7 bilhões de dólares.