A Principal, uma das maiores gestoras do mundo, com mais de US$ 699 bilhões administrados globalmente, vê no Brasil uma demanda crescente por estratégias multiativos, além de ações globais, principalmente por parte dos family offices.
É nessa classe de ativos, com diversificações que possibilitam renda fixa, ações e outros ativos na mesma carteira —e de forma global, que a gestora deve focar nos próximos anos para o Brasil.
“Não vamos tentar competir com a renda fixa brasileira garantida, então traremos certos segmentos de crédito, como títulos preferenciais globais, REITs globais, infraestrutura global”, afirma Managing Director & Client Portfolio Manager da Principal Asset Allocation, em entrevista a Funds Society.
Segundo Dummer, a Principal deve buscar trazer esse tipo de produto através de estratégisa multiativos para o Brasil, com fundos e classes de investimento que combinem renda fixa e ações de mercados globais.
“Nosso objetivo principal seria trazer portfólios globais de multi-ativos, incluindo dívidas de mercados emergentes, títulos de rendimento e ações. Podendo incluir ações da Índia, grandes e médias empresas dos EUA e Europa, oferecendo um portfólio completo”, explicou Dummer.
Ele afirma que estratégia da Principal é baseada em estudos contínuos de eficiência de classes de ativos, que analisam periodicamente se a gestão ativa ou passiva é mais adequada para cada classe.
Para o executivo, o Brasil representa uma oportunidade de crescimento significativa, com a diversificação internacional pautando as carteiras de investidores no futuro. Dummer enxerga uma futura demanda por esses produtos, conforme a queda dos juros no país e uma demanda já presente players institucionais.
‘Vemos uma tendência crescente por esses produtos nos family offices no Brasil”, diz Dummer. Ele afirma que geralmente esses investidores têm uma alocação offshore maior do que outros players locais. E que quando as taxas de juros locais aumentaram, muitos reduziram suas alocações internacionais, mas agora essas alocações estão voltando a crescer à medida que se espera uma queda nas taxas locais.
Produtos específicos para cada cliente
Dummer afirma que a estrutura dos portfólios de multiativos tem flexibilidade, podendo ser ajustadas para incluir até 80% de renda fixa ou ações, dependendo das necessidades do cliente.
Ele diz que o processo de composição da carteira começa com uma avaliação do que o cliente deseja, seja maior renda ou crescimento, e é seguido pela criação de uma alocação estratégica que supere benchmarks ao longo de um ciclo de longo prazo. Em seguida, há a incorporação de visões táticas para otimizar as alocações de acordo com o cenário econômico global e local, podendo trabalhar com outras carteiras.
“Escolhemos empresas especializadas em determinadas classes de ativos, como o Credit Suisse para commodities e a BlackRock para títulos protegidos contra inflação”, diz.
“Para clientes que são muito sensíveis a taxas, podemos não ir até a escolha de gestores, e simplesmente fazer tudo via ETFs. E para aqueles que não querem visões táticas, podemos construir apenas um portfólio estratégico para eles, dependendo do que o cliente deseja”, afirma.
Ele diz que a Principal já possui parcerias com bancos e instituições no Brasil e em outros países, e está em processo de expansão das operações no mercado brasileiro, aguardando um ambiente macroeconômico mais favorável.
‘Fundos de pensão terão que se adequar’
Em relação aos fundos de pensão, público importante da gestora no Brasil, que opera no país junto à Claritas depois de uma fusão em 2016, o diretor espera, no longo prazo, uma demanda por maior por ações, reflexo não só de uma queda dos juros, mas de uma tendência observada por Dummer no mundo: os fechamentos das carteiras para novos participantes.
Dummer, que trabalhou parte de sua carreira como atuário, diz ver uma tendência global dos fundos de pensão de fecharem portas para novos participantes, e começando a depender de suas carteiras de investimentos.
“Se seu plano de pensão está totalmente financiado, você deve imunizá-lo, travá-lo, ter toda a sua renda fixa e fazer com que seus ativos correspondam aos seus fluxos de caixa, com as entradas combinando com as saídas”, coloca. “Mas, se você está subfinanciado, a única maneira de ficar totalmente financiado é adicionar mais dinheiro ou ter mais crescimento em seu portfólio para ajudá-lo a ficar totalmente equilibrado”.
Ele afirma que por conta desse fator, haverá no futuro um aumento no apetite por ações. “E espero que, quando esse apetite por ações aumentar, haja também um apetite maior por ações globais”, diz Dummer.