Ampliar os investimentos no exterior para os investidores brasileiros é um desafio antigo, com o país outlier —diferindo de muitos de seus pares latinos por muito— beirando os 1% de alocação no exterior, onde fundos feeders e gestoras internacionais disputam a pequena parte de ‘diversificação’ das carteiras dos possíveis clientes.
Uma delas é a J.P. Morgan Asset, que tem buscado evidenciar os resultados de investimentos offshore através de três pilares —e com uma carteira diversificada que rendeu anualmente 11,6%, segundo Giuliano de Marchi, head de Latam na J.P. Morgan Asset e diretor da Anbima.
“Podemos mostrar que não colocar todos ovos na mesma cesta, funciona”, diz o gestor, no evento ANBIMA Global Insights, realizado nesta terça-feira (1), em São Paulo. Ele argumento que o CDI nesse mesmo período deu quase cerca de 8,5% anual, ou 130% no acumulado. “É um fato que diversificação funciona, todos nós [do mercado] sabemos disso”.
Primeiro pilar: olhar as oportunidades globais
Entender as oportunidades de investimento em outros países é o primeiro passo da asset, quando olha para o mundo dos ativos globais. De Marchi mostra um painel que mostra o tamanho do mercado global de investimentos. “No mercado mundial de renda fixa, o percentual fora do Brasil é de 98%”, afirma, apontando para o baixo percentual de ofertas disponíveis no Brasil.
Na renda variável, os investimentos são ainda menos oportunos. “99,9% do mercado de renda variável está fora do Brasil”, diz. “Se o investidor não aporta em mercados globais, está deixando para fora 98% da riqueza; 98% da renda fixa e 99% da renda variável. Então do ponto de vista de tamanho, é super importante olhar o mercado global”.
O gestor aponta para uma semelhança do investidor brasileiro para com o americano: ambos tem pouca exposição global. No entanto, ressalta que os mercados divergem muito na dimensão. O mercado dos EUA, considerando renda fixa e variável, “é 117 vezes maior e 25 vezes mais líquido que o brasileiro”.
Segundo pilar: diversificação setorial
Uma das estratégias avaliadas pela JP Morgan Asset é a de avaliar setores que não existem no Brasil, e de como eles podem proteger os investidores do Brasil.
Em um painel, De Marchi compara três setores com o Ibovespa, cujo valor atual é de US$ 356 bilhões. Mercado de Growth nos EUA (US$ 23 tri); de luxo na Europa (US$ 552 bi) e de tecnologia na Ásia (US$ 2 tri).
“São mercados muito grandes, muito maiores que o brasileiro, e setores que teoricamente não estão presentes no mercado brasileiro. Então se eu quiser investir, não tenho acesso local”, diz. E a performance? Um análise de Marchi, que traz o retorno acumulado de vários setores em relação ao Ibovespa, ao longo de 8 anos (2015 a 23).
No período, o CDI deu 116%; o Ibovespa 140%. Nos setores demonstrados, houve uma rentabilidade acumulada muito maior, como luxo (480%); crescimento nos EUA (520%); biotecnologia (250%). “Não somente é importante diversificar para diminuir risco, mas para obter retorno”, diz.
Terceiro pilar: entender as empresas
Com um gráfico mostrando o índice MSCI All Country World, que mede a performance de empresas de grande e médio porte com presença global e em países desenvolvidos, o gestor trouxe as 5 maiores empresas do Brasil em 2005: Vale, Itaú, Ambev, Petrobras e Bradesco, e do mercado americano: Citi, British Petroleum, Microsoft, General Eletric e Exxon Mobil.
14 anos depois, em 2023, só a Microsoft ficou no posto, enquanto que no Brasil, três empresas restaram na liderança. “Tivemos uma absoluta mudança nos setores. É muito importante entender quais são as tendências e as empresas”, diz. “O MSCI tem cerca de 3.000 empresas. Apenas 48 são brasileiras.”