No dia seguinte ao anúncio das tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as reações favoráveis ao caso do México aumentaram.
O BBVA aponta, em uma análise, que embora as medidas tarifárias anunciadas tenham efeitos negativos na economia global e nos Estados Unidos, afetando o crescimento no curto prazo, o fato de o México enfrentar um menor nível de protecionismo relativo pode lhe proporcionar vantagens para acessar o mercado norte-americano e, consequentemente, atrair investimentos.
“Acreditamos que isso implica que o México está em uma situação de menor protecionismo relativo em comparação com outros concorrentes, especialmente com a China, o que impulsionaria o nearshoring e poderia resultar em um maior nível de integração entre México e Estados Unidos no médio prazo“, afirmou a área de análise do BBVA.
“É possível que a oportunidade do nearshoring seja revitalizada. Dito isso, o fato de que as tarifas sobre as exportações mexicanas de automóveis, aço, alumínio e cervejas sejam mantidas continua a ter um efeito negativo e, além disso, constitui uma violação do T-MEC, motivo pelo qual esperamos que possam ser revertidas no curto prazo”, declarou a instituição.
Adicionalmente, o BBVA considerou que existe a possibilidade de que as exportações mexicanas realizadas fora do T-MEC enfrentem uma tarifa de 12% em vez de 25%, caso sejam alcançados acordos satisfatórios em matéria de segurança e combate ao tráfico de fentanil.
O BBVA ressaltou ainda que, para o México, são gerados incentivos ao investimento estrangeiro em outras indústrias nas quais o país ainda não possui uma vantagem comparativa revelada. Isso porque seria simplesmente mais rentável, ou menos oneroso, exportar essas mercadorias do México do que de países sujeitos a tarifas mais altas.
No dia 2 de abril, sob o argumento de segurança nacional e com o objetivo de reduzir o déficit comercial, foi assinada a ordem executiva que impõe um adicional de 10% ad valorem sobre todas as importações de todos os países, entrando em vigor em 5 de abril de 2025. A partir de 9 de abril de 2025, aumentos específicos serão aplicados aos países descritos na ordem executiva.
Também foram estabelecidas tarifas diferenciadas para o México e o Canadá no contexto da “crise fronteiriça” e do cumprimento do T-MEC. No caso do México, continua em vigor a ordem executiva 14227, que isenta os bens comercializados sob o T-MEC e impõe uma tarifa de 25% às mercadorias que não atendem aos requisitos estabelecidos no tratado; nesse caso, não será adicionada a tarifa base de 10% da nova ordem executiva.
A ordem executiva também determina que as taxas tarifárias estabelecidas serão aplicadas apenas ao conteúdo não estadunidense da mercadoria, desde que pelo menos 20% do seu valor seja originário dos Estados Unidos.
Ao agrupar os países com tarifas recíprocas específicas por região, o continente asiático é o mais afetado, principalmente o Sudeste Asiático, seguido por países do continente africano e da União Europeia.