As candidaturas presidenciais estão garantidas para que Donald Trump e Joe Biden concorram novamente à presidência dos EUA. Nesse contexto, os investidores começarão a extrapolar os resultados para os mercados financeiros, diz um relatório da iCapital.
A empresa especializada em ativos alternativos diz que ainda é muito cedo para os mercados refletirem um possível resultado, mas certas carteiras de ações já estão mostrando divergências relacionadas às eleições.
Talvez o mais importante sejam os dados recentes que indicam que a economia pode estar operando em um “ponto ideal”, o que deveria apoiar ainda mais as ações americanas, independentemente do resultado das eleições, resumem os analistas Anastasia Amoroso, Peter Repetto e Nicholas Weave.
O presidente Biden e o ex-presidente Trump dominaram suas respectivas disputas da Superterça no último dia 5 de março, garantindo delegados suficientes para vencer a nomeação presidencial de seus partidos e estabelecendo a primeira revanche desde as eleições de 1956.
Os mercados em grande parte esperavam esse resultado, especialmente porque as apostas indicavam 92% de chances de Trump garantir a nomeação republicana e 77% de chances do presidente Joe Biden reter a nomeação democrata.
O relatório publicado no início de março focou em três pontos principais: 1) fazer um balanço dos setores que estão mostrando ou provavelmente mostrarão divergências relacionadas às eleições, 2) observar como os picos de volatilidade associados às eleições tendem a ser de curta duração e ocorrem muito mais perto das eleições, e 3) focar em como os fundamentos e o renovado “entusiasmo econômico” devem apoiar os retornos gerais das ações, independentemente do resultado das eleições.
Os picos de volatilidade provavelmente ocorrerão mais perto das eleições
Outra razão pela qual os analistas da iCapital acreditam que é muito cedo para os mercados se concentrarem nas eleições é porque, historicamente, o S&P 500 começa a precificar os resultados eleitorais entre agosto e outubro, ou seja, entre um e três meses antes das eleições. De fato, os mercados tendem a experimentar maior volatilidade nos meses anteriores às eleições, segundo o relatório.
Esta visão também é apoiada pela atual estrutura temporal do índice de volatilidade CBOE (VIX), no qual o contrato de outubro é negociado num volume muito mais alto que o restante dos contratos, indicando que os mercados estão começando a atribuir certo risco às eleições.
No geral, os mercados estão se beneficiando do “entusiasmo econômico”
Mesmo com o aumento das chances de eleição do ex-presidente e os dados das pesquisas, acreditamos que as carteiras republicanas também têm se beneficiado do “entusiasmo econômico”, dada a composição procíclica da carteira nos setores financeiro, industrial, de materiais e energético.
De fato, desde janeiro, tem-se visto amplamente que os dados econômicos, principalmente emprego e inflação, têm ficado acima das expectativas, afirmam os especialistas.
Esta força suporta a visão de que a economia pode estar experimentando uma reaceleração ou um cenário de “não pouso”. Apesar dos temores de superaquecimento, os dados começam a esfriar do ritmo fervente do início do ano, indicando que a economia pode estar operando em um “sweet spot”.
“Acreditamos que esse ‘entusiasmo’, ou ‘sweet spot’, possa continuar, pois estamos começando a ver uma leve melhora nos indicadores antecedentes”, afirma o relatório assinado por Amoroso, Reppeto e Weave.
Focar nos fundamentos deve ajudar os investidores a navegar qualquer volatilidade relacionada às eleições
A força da economia americana não só tem apoiado os mercados de ações dos EUA desde o início do ano, mas também tem beneficiado os setores cíclicos. Embora as carteiras políticas republicanas tenham se beneficiado de um salto nas chances de eleição presidencial de Trump e nos números das pesquisas, também acreditamos que a natureza procíclica dessas carteiras tem se beneficiado do “entusiasmo econômico” percebido ao longo do ano.
Claro, os investidores devem se preparar para alguma volatilidade eleitoral que possa surgir da retórica em torno de impostos, tarifas, regulação de grandes tecnologias e controles de exportação, mas ainda assim continuaríamos a investir apesar disso, adicionam os especialistas.
“Continuamos acreditando que focar nos fundamentos e na evolução dos dados econômicos será, em última análise, mais importante que o resultado das eleições. E independentemente do resultado, os mercados historicamente subiram nos 12 meses seguintes às eleições”, conclui a análise disponível no site da iCapital.