Por que os investidores devem focar na inovação como critério de investimento?
Porque a inovação atrai retornos positivos. Simples assim e claro assim, como afirmou Tom Demaecker, gestor do fundo DPAM B Equities NEWGEMS Sustainable, um dos principais fundos da DPAM.
O gestor afirma que o foco em empresas inovadoras tem respaldo científico ao oferecer valor agregado, pois as empresas mais inovadoras geraram um desempenho 5,6% superior por ano em comparação com as menos inovadoras no período de 2011 a 2020. “É crucial identificar quais empresas são mais inovadoras, pois elas pagam um prêmio.” Dito isso, o gestor enfatiza a importância de manter os investimentos no longo prazo, já que esse tipo de empresa também está sujeito a picos de volatilidade que podem distorcer a performance. “Não investimos em narrativas, porque, ao fazer isso, é fácil tirar conclusões erradas. Preferimos analisar os fundamentos”, destaca.
Esses dois pontos são muito relevantes ao se abordar o investimento no DPAM B Equities NEWGEMS Sustainable, um fundo lançado em 2015 com o objetivo de identificar empresas altamente inovadoras e com modelos de negócios de alta qualidade e crescimento. A equipe gestora segue uma abordagem “barbell” (barril), selecionando tanto empresas que já são líderes em seu setor quanto outras menores, mas com grande potencial para desenvolver seus modelos de negócios e se tornarem vencedoras no futuro.
A seleção é baseada na gestão de risco, e a disciplina de avaliação é extremamente importante, pois o portfólio investe em uma cesta de apenas 40 a 80 ativos, onde a equipe coloca suas maiores convicções. “Sempre classificamos nossas melhores ideias em um ranking, esse é nosso sistema para rotacionar o portfólio. Temos grandes vencedoras, mas sabemos que algumas podem acabar se tornando perdedoras”, explica o gestor.
Razões que se destacam
Para Demaecker, o aspecto mais fundamental para entender essa estratégia é olhar para seus índices. Ele enfatiza que as empresas do portfólio são mais rentáveis que o índice; o gestor destaca que a chave é que, embora invistam mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) do que a média, essas empresas também possuem margens de lucro superiores à média do índice, um ROE (retorno sobre o patrimônio) superior e crescimento no lucro por ação (LPA), ao mesmo tempo que seu endividamento é muito inferior à média do índice.
No entanto, o gestor esclarece que a fonte de rentabilidade do portfólio não vem das valorizações nas quais as empresas são compradas, mas de seus índices de capex (investimentos em capital) e vendas. De fato, enquanto o PER médio do índice passou de 17 para 18 vezes no último ano, o PER médio das empresas no portfólio caiu de 27 para 26 vezes, o que, na opinião do gestor, demonstra que os lucros “cresceram mais rápido”. Graças a esse sólido processo de investimento, a estratégia gerou um retorno total de 150% desde 2017 (14,3% ao ano).
O gestor afirma que outra vantagem de investir em empresas inovadoras é que muitas delas são empresas digitais, onde “a maior parte de seus lucros vem da geração de fluxos de caixa”. De fato, ele se orgulha de que muitas das empresas do portfólio estão sendo negociadas atualmente com um PER inferior à média dos últimos cinco anos: “O prêmio pelo qual as empresas estão sendo negociadas diminuiu um pouco, as valorizações não estão no topo. Estamos extremamente entusiasmados com a trajetória de crescimento dos lucros dessas empresas nos próximos anos”, afirmou o gestor, que também insistiu em uma ideia para os investidores que estão considerando estratégias de investimento como a oferecida pela DPAM: “O investimento em tecnologia deixou de ser uma posição satélite. Agora é um posicionamento estrutural no portfólio”.
Exposição à inteligência artificial
Como resultado do processo de seleção, quem investir hoje nesse produto em busca de uma exposição temática à tecnologia obterá uma forte exposição à nova tendência de investimento dos últimos dois anos: a inteligência artificial (IA). “Não é um fundo que investe em IA, é um fundo diversificado em que a IA tem um peso considerável, mas preferimos investir ao longo de toda a cadeia de valor (aplicativos, plataformas, infraestrutura e nas empresas que formam a espinha dorsal da IA), apenas nas que oferecem maior visibilidade”, esclarece o gestor. “Preferimos investir nas empresas que enfrentam a menor concorrência possível e que apresentam a maior vantagem competitiva”, acrescenta.
O portfólio oferece exposição diversificada a uma série de temas, que podem representar de 5% a 25% do total do portfólio. Atualmente, a carteira oferece exposição a sete temas: segurança, nanotecnologia, ecologia, Indústria 4.0, e-sociedade, geração Z e bem-estar. “As tendências de crescimento são boas, as tendências aceleradas são melhores. Elas oferecem mais possibilidades de capturar maior crescimento ou potencial de alta em inteligência artificial”, comentou o gestor sobre a exposição da carteira a essas tendências.
Ele acrescentou, em linha com a abordagem barbell mencionada, que “a IA favorece empresas de maior porte e, portanto, nosso processo de investimento nos leva até elas, mas também queremos ter margem para investir em empresas menores”.
Ao confrontar a aplicação de IA com a análise ESG (ambiental, social e de governança), o gestor adota uma postura pragmática, lembrando que é uma tendência cuja adoção ainda está nos estágios iniciais para muitas empresas e, portanto, acredita que é melhor “se adaptar e não ser arrogante”. Ele explica ainda que a DPAM criou um Conselho de Uso Ético da IA para estabelecer um marco de atuação no qual abordem as empresas em que investem, solicitando que desenvolvam políticas transparentes sobre o uso da IA.
Por fim, o gestor comentou brevemente que a estratégia não deve ser negativamente influenciada pelos resultados das eleições dos EUA: “Trump é pró-negócios e pró-inovação, não acreditamos que sua eleição afetará o portfólio. Além disso, não temos exposição a outros setores que poderiam ser negativamente afetados pela sua reeleição, como bens de consumo, setor financeiro ou empresas com negócios locais. As empresas de bens e serviços digitais em que investimos não estão localizadas na China”, concluiu.