Após a força demonstrada no ano passado pelos ETPs (Produtos negociados em bolsa) de renda variável, 2025 começou marcado pela moderação. Segundo os dados publicados pela BlackRock referentes a janeiro, foram adicionados 146,5 bilhões de dólares aos ETPs globais, uma queda em relação aos 205,9 bilhões de dólares de dezembro, devido à redução das compras de renda variável, que passaram de 173,1 bilhões de dólares em dezembro para 88,7 bilhões de dólares em janeiro.
Segundo explica a gestora em seu último relatório, os fluxos parecem estar se normalizando. “Embora o foco principal na renda variável tenha sido a queda nas compras de exposições aos EUA (59,3 bilhões de dólares), isso deve ser analisado em contexto. Novembro (151,6 bilhões de dólares) e dezembro (138,4 bilhões de dólares) foram os dois meses com maiores entradas da história nos ETPs de renda variável dos EUA, e janeiro ainda se posiciona como o 15.º mês com maior nível de fluxos”, destaca o relatório.
Fora dos EUA, os fluxos para a renda variável europeia voltaram a ser positivos em janeiro, com entradas de 3,7 bilhões de dólares, o maior nível desde fevereiro de 2023. “Todas as entradas de janeiro foram direcionadas para ETPs listados na região EMEA, diferentemente de fevereiro de 2023, quando as compras foram divididas igualmente entre os mercados dos EUA e da EMEA. Os ETPs de renda variável europeia listados nos EUA encerraram o mês sem mudanças, rompendo uma tendência de seis meses de saídas. De fato, até 23 de janeiro, a exposição havia registrado uma saída de 300 milhões de dólares, o que indica que a recuperação ocorreu no final do mês”, aponta o documento.
“Em janeiro, houve uma ampliação dos fluxos de ETPs de renda variável à medida que as bolsas europeias entraram em território positivo, registrando 3,7 bilhões de dólares em entradas. Essa tendência foi favorecida principalmente pela renda variável europeia doméstica e apoiada pelos descontos nas avaliações. A renda variável dos EUA recebeu um total de 59,3 bilhões de dólares, havendo uma mudança para alocações mais precisas e um notável interesse pelas exposições equal weight do S&P. Os ETPs de tecnologia atraíram um interesse significativo, pois os investidores aproveitaram as quedas para comprar após a volatilidade causada por notícias sobre IA na última semana de janeiro”, comenta Karim Chedid, responsável pela estratégia de investimento da iShares EMEA na BlackRock.
A gestora também destaca que a renda variável japonesa (900 milhões de dólares) rompeu uma tendência de dois meses de saídas, enquanto a renda variável de mercados emergentes (EM) manteve sua popularidade com 6 bilhões de dólares em entradas. No entanto, os ETPs de renda variável indiana registraram seu segundo maior mês de saídas da história, com 1 bilhão de dólares em resgates, marcando o terceiro mês consecutivo de vendas.
O retorno da renda fixa
A segunda grande tendência identificada pela gestora neste primeiro mês do ano está relacionada à renda fixa. Segundo o relatório da BlackRock, os fluxos para a renda fixa aumentaram para 48,3 bilhões de dólares, enquanto os fluxos para commodities voltaram a ser positivos pela primeira vez em três meses, com uma entrada de 1,6 bilhão de dólares. “Os títulos soberanos (16,1 bilhões de dólares) voltaram a ser a exposição de renda fixa mais popular em janeiro, pela primeira vez desde agosto de 2024. Os fluxos para crédito com grau de investimento também aumentaram significativamente, com 8,5 bilhões de dólares em entradas, quase o dobro dos 4,6 bilhões de dólares registrados em dezembro. Por sua vez, os fluxos para títulos de alto rendimento voltaram a ser positivos, com 1,2 bilhão de dólares, enquanto a dívida de mercados emergentes registrou 1 bilhão de dólares em entradas, alcançando seu segundo mês consecutivo de compras pela primeira vez desde junho-julho de 2024”, indica o relatório.
Segundo a análise, em contraste com os baixos fluxos para os títulos do Tesouro dos EUA (UST) em dezembro (700 milhões de dólares), janeiro registrou 13,3 bilhões de dólares em entradas, representando 83% das compras de renda fixa. Os títulos da zona do euro (1,6 bilhão de dólares) também mostraram uma recuperação. No entanto, alertam que as compras de gilts britânicos caíram para 200 milhões de dólares, o nível mais baixo desde agosto de 2024.
“Houve uma mudança nos impulsionadores dos fluxos para os títulos do Tesouro dos EUA (UST) entre dezembro e janeiro. Em dezembro, os USTs de curto prazo registraram 9,3 bilhões de dólares em entradas, compensadas por 7 bilhões de dólares em saídas dos títulos de longo prazo. Embora os fluxos para os títulos de curto prazo tenham permanecido positivos em janeiro (4,6 bilhões de dólares), a demanda se ampliou para todas as durações, incluindo o primeiro mês de entradas em três meses para os ETPs de longo prazo, com 3,9 bilhões de dólares”, conclui o relatório.
Por Redacción Américas