As novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevam significativamente o risco para o perfil de crédito de empresas e países, segundo a Moody’s. A agência alerta que, caso as medidas sejam implementadas conforme apresentado, haverá impacto negativo relevante sobre o crescimento global e aumento material do risco de recessão nos EUA ainda em 2025.
“As novas tarifas abrangentes provavelmente mudarão a dinâmica do comércio global”, aponta relatório assinado por Alan Mariasch, estrategista de comunicação externa da Moody’s. A agência afirma que o escopo das medidas representa o maior aumento tarifário desde a década de 1930. A resposta da China veio em forma de retaliação, com a imposição de tarifas de 34% sobre todas as importações dos EUA.
De acordo com a análise, as ferramentas protecionistas ampliam a complexidade e o custo das transações internacionais, afetando especialmente as economias mais dependentes do comércio e diversos setores produtivos. “A incerteza já está pesando sobre a confiança empresarial e atrasando o investimento”, afirma a Moody’s.
O ambiente de maior instabilidade também já tem reflexos nos mercados. “A volatilidade do mercado financeiro é nitidamente maior, com quedas acentuadas nos mercados acionários e uma fuga de capital para títulos do Departamento do Tesouro dos EUA”, destaca o relatório.
A Moody’s projeta que o crescimento do PIB do G-20, anteriormente estimado em 2,5% para 2025, pode sofrer nova desaceleração diante das medidas. “As tarifas recém-anunciadas vão além desse cenário negativo”, observa a agência, ressaltando que o impacto final dependerá da duração das tarifas, da capacidade das empresas de repassar preços e da reação de outros países.
“O quão negativo é o efeito do crédito depende do poder e da estratégia de precificação de uma empresa, por quanto tempo as tarifas se aplicam e quais tarifas retaliatórias são impostas”, diz o texto. Setores como varejo e bens de consumo dos EUA devem ser diretamente afetados pelo aumento de custos.
Embora alguns segmentos industriais protegidos, como o de aço e alumínio, possam se beneficiar no curto prazo, outros — como as montadoras e empresas com cadeias de produção internacionais — devem enfrentar aumento de custos e pressão sobre margens. “Outros países também podem tomar medidas para apoiar setores específicos ou estimular o crescimento econômico doméstico de forma mais ampla”, aponta a Moody’s.
A combinação de menor crescimento, inflação e incerteza sobre a política comercial aumenta a percepção de risco e deteriora o perfil de crédito, tanto soberano quanto corporativo, em diferentes regiões do mundo. A agência reforça que o ambiente atual exige atenção redobrada de investidores e tomadores de decisão.