Questões à cerca da credibilidade fiscal tem levado o Brasil ao alto patamar de juros reais em que se encontra hoje, na avaliação do economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida.
“Para termos de comparação, em 2008, o déficit fiscal era maior, mas apesar disso, a taxa de juros real era de cerca de 3% a 4%. Isso porque o antigo plano fiscal tinha credibilidade”, diz, durante evento realizado pela Moody’s, nesta quarta (07).
“Hoje o mercado continua questionando se o governo cumprirá as regras ou as mudará novamente”, afirma, colocando que a questão fiscal é o principal ponto doméstico hoje para uma redução da taxa de juros no longo prazo.
No entanto, o economista vê um esforço de parte do governo federal na resolução da questão, também colocando em dúvida sobre se há um apoio do presidente Lula para o time que hoje está no Ministério da Fazenda. “Não sabemos no Brasil se a equipe econômica terá o apoio completo do time político do governo, incluindo do presidente do País, para fazer o que precisa ser feito”, afirma. Ele projeta um crescimento de 2,5% do PIB para 2024.
Troca no Banco Central levanta dúvidas
Não obstante às questões atreladas ao arcabouço fiscal e ao cumprimento de metas, o mercado também está sensível à escolha do comando do Banco Central e sobre como ele vai atuar após a indicação de Lula para a presidência, segundo Mansueto. Mas ele crê numa ação sólida e independente da autarquia na política monetária.
“O nome que vai substituir Roberto Campos [Neto] importa, mas acredito que o Banco Central é uma instituição que dá credibilidade, e que vai entregar o que precisa ser entregue”, disse.