O mercado de capitais brasileiro registrou uma captação recorde de R$ 130,9 bilhões no primeiro trimestre de 2024, um aumento de aproximadamente 91% em relação ao mesmo período do ano passado, anunciou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A captação na renda fixa foi dominante e contribuiu para o resultado total, com um volume de R$ 114,1 bilhões no primeiro trimestre, 50% maior do que no mesmo período no ano anterior. Os ativos híbridos também cresceram em captação, para R$ 13,1 bilhões, um aumento de 45% em relação aos R$ 7,2 bilhões dos três primeiros meses do ano passado.
Desses, R$ 12,8 bilhões foram de fundos imobiliários (FIIs). A captação na renda variável foi estável, com R$ 3,8 bilhões, uma leve queda em relação ao primeiro trimestre de 2023, com R$ 3,9 bilhões. Houve quatro follow-ons e nenhuma oferta pública inicial (IPO) no primeiro trimestre deste ano. Em março, o mercado de capitais teve captação de R$ 66 bilhões, ante R$ 44,2 bilhões em fevereiro.
“Os dados mostram um crescimento sustentável, com emissões pulverizadas em diversos setores e em número de operações. O ambiente macroeconômico, com a expectativa de continuidade do ciclo de queda da Selic, favorece a ampla gama de instrumentos do mercado de capitais”, afirma Guilherme Maranhão, presidente do nosso Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais.
Renda fixa impulsiona mercado
No segmento de renda fixa, que impulsionou a captação recorde, as debêntures seguem liderando os investimentos. Atingiram em março o maior volume já registrado, com R$ 41,1 bilhões. No trimestre, o valor foi de R$ 71,9 bilhões -alta de 94% no comparativo com o mesmo período de 2023. Praticamente metade dos recursos (52,8%) vieram de fundos de investimentos. Em relação à destinação dos recursos, 38,5% foram para gestão ordinária e 27,6% para infraestrutura.
Em relação a esse ativo, os fundos de investimento responderam por mais da metade (52,8%) dos recursos recebidos nas debêntures, seguidos por gestão ordinária (38,5%), e outros 27,6% para infraestrutura.
As debêntures incentivadas (lei 12.431) se destacaram, com o melhor primeiro trimestre da série histórica, captando R$ 19,9 bilhões. “Esse produto se tornou ainda mais atrativo com as restrições recentes a outros ativos isentos. O mês de março respondeu por R$ 11,4 bilhões desse volume trimestral”, ressalta Maranhão. Na avaliação dos prazos, o período chegou a 7 anos para debêntures em geral e a 10,5 anos para aquelas com incentivo fiscal.
Nos instrumentos de securitização, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) fecharam o primeiro trimestre com R$ 15,1 bilhões, com crescimento de 162,1%, enquanto os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) encerraram o período com R$ 12,5 bilhões, um aumento de 133,3%. Já os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) tiveram um acréscimo de 81%, para R$ 11,1 bilhões. Entre os produtos híbridos, os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) tiveram um salto de 226,4%, chegando a R$ 12,8 bilhões.
Já as emissões externas somaram US$ 8,9 bilhões no trimestre, o que já representa 58% de todo o volume de 2023. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o aumento é de 795%.