O mercado de ETFs no Brasil deve ganhar mais ofertas de produtos em breve, com 20 novos tickers da gestora americana First Trust, que chegam ao Brasil via HMC Capital. Segundo April Reppy Suydam, head de distribuição da First Trust para América Latina, os ativos devem estar disponíveis até o final do ano, trazidos em três ou quatro frentes.
A gestora mira o mercado institucional, mas também atenderá pessoas físicas, com novas estratégias que miram concorrer nos portfólios de diversificação das carteiras locais. “Priorizamos as soluções temáticas e multiestratégias nesse momento”, diz April. A First Trust é a 6ª maior gestora de ETFs nos EUA, com US$ 158,7 bilhões distribuídos neste segmento, a parte mais representativa do AUM total, de US$ 225 bilhões.
“Há estratégias disruptivas de IA; relacionadas e não relacionadas a energia limpa. Temos área de saúde, construções ‘verdes’ não relacionadas a ESG, além de soluções geográficas, com ativos do Japão e da Índia”, afirma a head de distribuição Latam. A operação no Brasil começou há dois anos e meio, e a First Trust hoje conta com 17 ETFs na B3, através do programa BDR. É por ele que chegarão os novos produtos, que estão em aprovação pela empresa que gerencia a bolsa brasileira.
HMC: Foco na diversificação
De acordo com Felipe Durán Amoedo, especialista em ETF e criptomoedas da HMC Capital, os novos ativos vêm a fim de preencher a necessidade de diversificação de alguns players institucionais, como fundos de investimentos locais. “Vemos muitas assets, bancos e family offices buscando soluções de diversificação”, diz, ressaltando que a distribuidora também vê uma ‘atividade crescente entre investidores pessoa física’ para os ETFs.
Grande parte da demanda, diz Amoedo, é pelo setor de tecnologia. “O tema tech está quente”, afirma, colocando que IA, cloud computing e cibersegurança estão marcando presença em conversas recentes com clientes institucionais da HMC. A renda fixa segue ativa no portfólio da casa, que deverá trazer produtos da categoria com ETFs de gestão ativa.
Educação de investidores é passo fundamental
Mas não basta apenas chegar com os novos produtos no país, segundo April Suydam. A head de distribuição Latam da First Trust afirma que um passo importante da gestora é expandir os conhecimentos sobre os possíveis benefícios de ETFs. “Mesmo que os ETFs existam no Brasil há 20 anos, eles ainda estão apenas começando a ser usados”, afirma.
“Temos muito trabalho a fazer para certos investidores, mas estou animada pois há uma evolução, que sabíamos que aconteceria e que está relacionada à diversificação, do ponto de vista educacional”, diz, sobre os investidores pessoa física. “Os institucionais com quem trabalhamos já entendem bem. Mas é outra coisa traduzir isso para o investidor brasileiro comum, competindo contra todo o viés voltado para a renda fixa”, diz.
“No entanto, já noto uma diferença nos investimentos, que devagar se ampliam para outros produtos. Eu, pessoalmente, tenho muita paciência, e estamos aqui no Brasil a longo prazo”. Ela afirma que os ETFs são vendidos não como uma aposta para o Brasil, mas como uma diversificação internacional, expandindo a carteira dos investidores “para serem mais globais, com um retorno geral podendo ser melhor no longo prazo do que o investimento típico brasileiro tem sido”.