A última pesquisa global do BofA a gestores mostra que o otimismo sobre os mercados se tornou viral. Em consequência, as carteiras reduziram os níveis de dinheiro para mínimos de 15 anos, enquanto os investidores assumem posições longas em renda variável. O relatório também constata a percepção generalizada de que a bolsa americana talvez já tenha ido longe demais.
Os investidores se mostram otimistas, o que coincide com sua visão macro. Segundo apontam da entidade, a probabilidade que os investidores atribuem a um “pouso suave” aumentou pela primeira vez em cinco meses (de 50% para 52%). Enquanto isso, as expectativas de um “não pouso” diminuíram ligeiramente desde seu máximo em 21 meses (de 38% para 36%), e as de um “pouso forçado” continuam baixas (6%).
“Cabe destacar que foram necessários três anos para que as expectativas de recessão global retornassem aos níveis anteriores à guerra entre Ucrânia, OTAN e Rússia (fevereiro de 2022). As expectativas de recessão global caíram para seu nível mais baixo em três anos: 16% consideram provável que a economia global entre em recessão nos próximos 12 meses, enquanto 82% acreditam que é improvável”, acrescentam.
Além disso, 77% dos gestores pesquisados esperam que o Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) corte as taxas de juros em 2025; 46% preveem dois cortes, 27% antecipam um corte e 4% estimam três cortes. Segundo destaca o BofA, apenas 1% acredita que o Fed aumentará as taxas em 2025.
Isso demonstra que entre as principais convicções dos gestores e investidores estão que o Fed reduzirá os juros, que não haverá recessão global e que a guerra comercial será apenas um “risco de cauda”. Quando perguntados sobre qual desenvolvimento seria visto como o mais positivo para os ativos de risco em 2025, os entrevistados apontam como principal opção a aceleração do crescimento na China (35%, frente a 38% em janeiro de 2025), seguida pelos ganhos de produtividade impulsionados pela IA (19%, frente a 16%) e, em terceiro lugar, os cortes de taxas do Federal Reserve (14%, frente a 17%).
Por outro lado, quando questionados sobre o que seria negativo para os ativos de risco, os gestores apontam, em primeiro lugar, uma guerra comercial global (42%, frente a 30% em janeiro de 2025), seguida por um aumento desordenado nos rendimentos dos títulos (32%, frente a 36%) e, em terceiro lugar, aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve (22%, frente a 31%).
Implicações para o investimento
Uma das principais conclusões extraídas da pesquisa é que, em fevereiro, houve uma rotação da renda variável para a Europa e para ativos sensíveis a títulos. “Os investidores estão otimistas, as ações estão em alta, enquanto o restante dos ativos está em baixa; os níveis de dinheiro em caixa (3,5%) caem para seu nível mais baixo desde 2010, e os investidores em renda variável giram para ativos sensíveis a títulos e Europa, já que 82% dizem que não haverá recessão, 77% esperam cortes no Federal Reserve, o excepcionalismo dos EUA atinge seu pico, com 89% dizendo que as ações dos EUA estão sobrevalorizadas, e a guerra comercial é vista apenas como o principal risco de cauda”, afirmam do BofA.
No que diz respeito à alocação de ativos, observa-se uma sobreponderação em ações, enquanto as carteiras estão subponderadas em títulos e dinheiro em caixa.
“Os investidores aumentaram sua alocação para a Zona do Euro, títulos e setores defensivos (saúde e bens de consumo básicos), e reduziram sua alocação em tecnologia, renda variável e bancos. Em fevereiro, os investidores estão mais sobreponderados em ações, bancos, saúde e EUA, enquanto estão mais subponderados no Reino Unido, recursos (materiais e energia) e títulos”, aponta a entidade em seu relatório mensal ao avaliar quais mudanças os investidores fizeram.
Por fim, destaca-se que assumir posições longas nas “7 Magníficas” continua sendo a operação mais popular. No entanto, explicam que “o bom desempenho das ações globais (34%), do ouro (22%), das ações dos EUA (18%) e dos índices de renda variável demonstra um pico na convicção dos investidores sobre o excepcionalismo dos EUA”.