Um estudo recente da LUZ Soluções Financeiras, que avaliou mais de 40 das principais gestoras de fundos do Brasil, trouxe um alerta preocupante: a gestão de riscos nas assets ainda é um ponto fraco. A publicação, divulgada nesta terça-feira (10), mostrar que, embora as assets analisadas representem R$ 5,6 trilhões sob gestão, o equivalente a 64% do mercado de fundos no país, o desempenho no quesito risco ficou abaixo do esperado em todas as categorias, com notas médias entre 2,6 e 2,8.
A falta de independência das equipes de risco foi um dos problemas mais recorrentes apontados no levantamento. Em algumas gestoras, a equipe responsável por monitorar riscos não tem autonomia suficiente para tomar decisões cruciais, como alterar ou eliminar posições que não estejam alinhadas com o perfil de risco dos fundos. “Essa independência é essencial para proteger os interesses dos investidores, garantindo que as ações tomadas não sejam enviesadas ou comprometidas por pressões internas”, explica Jadson João Alves da Silva, consultor da LUZ.
Renda Variável: O risco como ponto de atenção
Na estratégia de Renda Variável, o pilar de risco apresentou as piores avaliações, com uma média de 2,77, em uma escala de 0 a 5. O destaque negativo ficou por conta da falta de independência nas equipes de gestão de risco, com algumas gestoras recebendo notas próximas de 1. Essa situação coloca em evidência a fragilidade de algumas assets em proteger seus investidores de eventuais perdas em um ambiente de alta volatilidade.
Apesar do bom desempenho em outros pilares, como a avaliação da carteira teórica, que obteve uma média de 4,39, a gestão de risco se mostrou um obstáculo para algumas gestoras, comprometendo a confiança na robustez dessas operações.
Renda Fixa Crédito Privado: Deficiências no monitoramento de papéis
As gestoras que operam com Renda Fixa Crédito Privado também tiveram desafios no pilar de risco. A nota média de 2,6 reflete deficiências no monitoramento dos papéis e na implementação de sistemas de avaliação de crédito. Em alguns casos, a falta de um sistema interno de rating ou comitês estruturados para tomada de decisões foi observada, impactando diretamente a gestão dos riscos de crédito.
“Além da experiência do gestor, é essencial que as assets contem com equipes de analistas bem capacitadas e processos de controle rígidos”, pontua Alves da Silva. O estudo destacou que, em alguns fundos, a reprecificação inadequada dos papéis a mercado contribui para um gerenciamento de risco ineficiente.
Multimercados: Melhoria, mas ainda com lacunas
Na categoria Multimercados, o risco foi tratado com mais atenção em comparação às outras estratégias. A média foi ligeiramente melhor, ficando em 3,2, mas ainda abaixo do ideal. Essa categoria lida com uma diversidade de ativos, o que torna a gestão de risco ainda mais crucial. “Dividir o risco por book ou gestor é uma prática recomendada para melhorar a segurança”, sugere o estudo. No entanto, algumas gestoras ainda apresentam lacunas em suas práticas de controle, expondo-se a riscos desnecessários.
A necessidade de evolução na gestão de riscos
O estudo da LUZ deixa claro que, embora as gestoras brasileiras tenham avançado em áreas como governança e investimentos, a gestão de risco ainda carece de melhorias significativas. Para garantir maior proteção e transparência aos investidores, é essencial que as assets invistam em maior independência para suas equipes de risco e implementem sistemas mais robustos de monitoramento e controle.
“Com um mercado cada vez mais volátil e regulado, a falha em aprimorar os controles de risco pode resultar em consequências graves para os investidores”, finaliza Alves da Silva.