Os créditos privados podem ser sensíveis a inadimplências, mas o importante para os gestores de ativos é levar em consideração essa possibilidade de perda no momento de investir, disse à Funds Society Toreigh Stuart, Head e Managing Director da Garrington Capital.
“Qualquer tipo de crédito, público ou privado, pode ser suscetível a inadimplências; no entanto, o risco de perda por tais inadimplências está ligado à filosofia de investimento na concessão desses empréstimos”, explicou Stuart.
O executivo explicou que a filosofia da Garrington Capital para mitigar perdas na carteira de empréstimos começa com uma mentalidade de “ganhar evitando perder”.
Stuart destacou três pilares que devem ser considerados ao investir em crédito privado:
1. Conceder empréstimos com base no valor de liquidação dos ativos tangíveis de uma empresa.
2. Manter a duração dos empréstimos curta; em média, a carteira da Garrington tem duração inferior a um ano.
3. Garantir que os mutuários façam pagamentos de juros em dinheiro, em vez de “pagamentos em espécie”, para assegurar que os saldos dos empréstimos sejam amortizados, em vez de aumentarem em valor.
No entanto, o crédito privado não é o único produto dentro dos investimentos alternativos. Pelo contrário, Real Estate, Private Equity, entre outros, complementam e diversificam as carteiras. Segundo Stuart, isso ocorre por duas razões principais: potencial de retorno e benefícios da diversificação.
Sobre o potencial de retorno, “os investimentos alternativos tornam-se mais atraentes quando as perspectivas para investimentos mais tradicionais, como ações e renda fixa, parecem menos claras, levando os investidores a buscar outras opções”, comentou o managing director da Garrington. Ele exemplificou como o longo período de baixas taxas de juros “impulsionou os investidores a buscar soluções alternativas para suas alocações de renda fixa, como o crédito privado, entre muitas outras soluções”.
Por outro lado, o único “almoço grátis” no universo dos investimentos é a diversificação, diz Stuart. Isso, segundo o executivo, significa que, ao adicionar investimentos não correlacionados à sua carteira de investimentos, é possível se beneficiar de melhores retornos ajustados ao risco.
“Ainda que os investimentos alternativos não sejam infalíveis e venham com seus próprios fatores de risco, muitos tendem a obter retornos de fatores diferentes, permitindo esses benefícios de diversificação ao longo do tempo, especialmente em comparação com os investimentos tradicionais em ações e títulos. Essa corrente de retorno diferente que as alternativas podem oferecer é um dos fatores-chave para incluir uma alocação de ativos de longo prazo a essa classe de ativos”, exemplificou.
Os alternativos e a inflação
Um período de inflação crescente representa desafios para as empresas. Os custos de insumos tendem a ser mais altos, o que pode pressionar suas margens operacionais, a menos que consigam repassar esses custos aos seus clientes. Além disso, a inflação geralmente vem acompanhada de um aumento nas taxas de juros, o que significa que os custos de endividamento para essas empresas também aumentam, criando mais um obstáculo.
Por outro lado, um ambiente de inflação em queda tende a ter o efeito oposto e, geralmente, é positivo para as empresas, contrastou Stuart.
No que diz respeito ao crédito privado, em um ambiente de aumento das taxas de juros e da inflação, “as estratégias de crédito privado tendem a proteger os investidores, pois seus empréstimos geralmente são de taxa flutuante, o que significa que, à medida que as taxas de juros sobem, o retorno que essas estratégias oferecem aos investidores também aumenta”, alertou o executivo.
Além disso, em um ambiente de queda das taxas e da inflação, a maioria dos empréstimos de taxa flutuante tende a ter uma taxa mínima no momento de sua emissão, protegendo assim os investidores da magnitude total da queda, o que oferece uma certa proteção.
Educação financeira e os alternativos
Segundo Stuart, a educação sempre é um fator crucial para o avanço nos campos de finanças e gestão de carteiras.
“O cenário de investimentos em ativos alternativos evoluiu significativamente, desde investidores individuais até as instituições mais sofisticadas. Grandes instituições vêm utilizando investimentos alternativos há décadas, alocando mais de 50% de suas carteiras a esses ativos devido a um profundo entendimento e familiaridade com eles”, explicou.
No entanto, ao pensar na América Latina, Stuart disse que “ainda há espaço para crescimento na conscientização e na educação” em torno dos ativos alternativos na região.
“Há um grande potencial aqui, e é essencial que empresas como a Garrington continuem a fornecer recursos educacionais acessíveis e contínuos para apoiar a evolução financeira da região”, concluiu.