Os fundos de investimento no Brasil acumularam uma captação líquida de R$ 245,3 bilhões de janeiro a outubro de 2024, conforme dados divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Esse montante representa o segundo melhor resultado dos últimos cinco anos, perdendo apenas para o recorde de 2021, quando a captação somou R$ 427,5 bilhões no mesmo período.
A principal força motriz para o crescimento em 2024 tem sido a renda fixa, com entradas líquidas de R$ 312,4 bilhões até outubro, em comparação com os resgates de R$ 41,5 bilhões no ano passado.
Destaque para os fundos de renda fixa focados em crédito privado, que somaram R$ 292,5 bilhões em aportes até agosto, sendo que fundos com alocação de 50% a 70% nesse tipo de ativo responderam por R$ 94,3 bilhões desse total.
Pedro Rudge, diretor da Anbima, destacou que a atratividade dos fundos de renda fixa tem sido impulsionada pela taxa Selic, que poderá atingir 11,75% até o fim do ano. Segundo Rudge, essa taxa torna a renda fixa uma opção interessante para investidores que buscam segurança.
Multimercados e Ações: Cenários Contrapostos
Enquanto a renda fixa cresce, os fundos multimercados enfrentam um cenário de resgates elevados. Até outubro, as saídas líquidas totalizaram R$ 235,6 bilhões, um aumento em comparação com os R$ 69,5 bilhões resgatados no mesmo período de 2023. Essa situação resultou em uma redução no número de fundos multimercados, que passou de 13.845 para 12.476 nos últimos 12 meses, uma queda de 9,9%.
Por outro lado, os fundos de ações apresentaram uma leve captação líquida positiva de R$ 379 milhões nos primeiros dez meses do ano, revertendo os saques de R$ 26,7 bilhões observados em 2023. Nos últimos doze meses, o patrimônio líquido (PL) dos fundos de ações cresceu 22,9%, e o número de fundos aumentou 11,2%.
Desempenho e Rentabilidade por Categoria
Os fundos de renda fixa, especialmente os de duração baixa com crédito livre (permitindo investimentos em títulos de maior risco), destacaram-se com uma rentabilidade acumulada de 9,81% no ano até outubro, superando a taxa DI de 8,94% para o mesmo período. Entre os multimercados, os fundos com alocação de mais de 40% em ativos no exterior tiveram um retorno de 9,36%, superando o IHFA (Índice de Hedge Funds Anbima). Nos fundos de ações, as opções com foco internacional obtiveram um retorno de 5,94%, enquanto o Ibovespa caiu 2,24% no período.
Adaptação à Resolução 175
A indústria de fundos também atravessa um processo de adaptação às novas diretrizes da Resolução 175. Desde outubro, os fundos passaram a adotar classes e subclasses, e a partir de novembro, novas exigências de transparência na remuneração dos prestadores de serviços foram implementadas. Até outubro, 4.793 fundos já se ajustaram à nova regulação, e outros 3.713 foram criados com base nessas regras, abrangendo um patrimônio de R$ 2 trilhões, o que corresponde a 27% do setor.
Dos fundos adaptados ou novos, 60% preveem investimento em ativos estrangeiros, e mais da metade deles (54,7%) permite alocar até 100% dos recursos no exterior. Além disso, 61,5% dos novos fundos são voltados a investidores profissionais, e 65% oferecem responsabilidade limitada aos cotistas, protegendo-os contra perdas superiores ao montante aplicado.