Em uma nova etapa de diversificação da carteira de renda fixa, a Funcef (Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa Federal) aprovou uma estratégia que visa ampliar os investimentos em debêntures incentivadas de infraestrutura.
A medida, comunicada na última semana, é direcionada aos planos de previdência em fase de acumulação, Novo Plano CD e REB CD, tem como objetivo capturar oportunidades de alta rentabilidade no setor, mantendo o risco sob controle.
Segundo Gustavo Portela, diretor de Investimentos e Participações da FUNCEF, a escolha por fundos de investimento em infraestrutura permite que a fundação invista em títulos de dívida emitidos por empresas sólidas e bem avaliadas, que financiam obras em setores estratégicos como saneamento, transportes e energia elétrica. “A diversificação busca a melhor combinação entre ativos financeiros para construir uma carteira balanceada, maximizando a rentabilidade sem aumentar o risco”, afirmou Portela.
A estratégia acompanha o expressivo crescimento do mercado de debêntures incentivadas, cujas emissões anuais subiram de R$ 5 bilhões em 2016 para R$ 96 bilhões em 2024.
Essa expansão ajudou a impulsionar a indústria dos fundos de infraestrutura fechados (FI-Infra), que já acumulam R$ 13,7 bilhões sob gestão e são negociados em Bolsa, facilitando o acesso de grandes investidores. A criação da Lei 14.801, em janeiro deste ano, trouxe ainda mais incentivo a esse mercado, oferecendo benefícios fiscais às empresas emissoras e isenção de Imposto de Renda para os fundos de pensão, tornando as debêntures uma alternativa atrativa em relação aos títulos públicos de longo prazo.
Além da alta rentabilidade, com retornos médios de 2,41 pontos percentuais anuais acima dos títulos públicos atrelados à inflação entre 2021 e 2024, a estratégia é vista como uma forma de trazer novas opções para os participantes. Para o presidente da FUNCEF, Ricardo Pontes, a medida representa um avanço significativo na diversificação: “Nem todos os ativos de renda fixa são iguais. A estratégia aprovada permite alternativas com garantias mais sofisticadas e possibilidade de retorno acima de opções mais conservadoras.”
A fundação reforçou que a seleção dos gestores e fundos será conduzida com rigor, seguindo um processo de governança detalhado. O diretor de Administração e Controladoria, Rogerio Vida, destacou que as áreas de investimento, risco e conformidade terão autonomia para vetar gestores ou fundos que não se encaixem no perfil de risco da FUNCEF. Para aumentar a transparência, a fundação pretende criar um fundo de fundos para adquirir cotas de infraestrutura, permitindo aos participantes consultarem detalhes dos investimentos através da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).