As empresas brasileiras registraram um volume histórico de captação no mercado de capitais em julho de 2024, alcançando R$ 96 bilhões. Este valor representa o maior volume mensal já registrado desde o início da série histórica em 2012. No acumulado dos primeiros sete meses de 2024, as ofertas somaram R$ 435,1 bilhões, estabelecendo outro recorde para o período, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Com a taxa Selic em dois dígitos e a expectativa de que permaneça nesse patamar até o final do ano, o ambiente tem se mostrado altamente favorável para investimentos em renda fixa. “O desempenho foi impulsionado por diversos instrumentos de renda fixa. Em julho, também houve um volume considerável de captação em renda variável, embora concentrado em uma operação específica que não necessariamente reflete o apetite geral do mercado”, afirmou Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima. Ele se referia aos R$ 17 bilhões captados em operações de follow-ons, o maior volume mensal dos últimos 24 meses.
Debêntures
As emissões de debêntures também atingiram um marco histórico, totalizando R$ 50,1 bilhões em julho. Este valor é o maior já registrado em qualquer mês da série histórica. No acumulado de 2024, as debêntures somaram R$ 256,8 bilhões, superando o volume total de 2023 e estabelecendo um novo recorde para o período.
Os recursos captados por meio de debêntures em julho foram direcionados, em grande parte, para investimentos em infraestrutura, que representaram 32,3% do total. Os principais subscritores foram os intermediários e demais participantes ligados à oferta, responsáveis por 47,4% do volume, seguidos pelos fundos de investimento, com 33,9%. “Vale destacar que o prazo médio dos papéis subiu para 10,3 anos, o maior registrado em 2024, refletindo um mercado maduro, com perfis variados de participantes e um mercado secundário cada vez mais líquido, permitindo esse alongamento”, analisou Maranhão.
As notas comerciais também tiveram destaque entre os produtos de renda fixa, com captações de R$ 11,4 bilhões em julho e R$ 24,4 bilhões no acumulado do ano, ambos recordes para os respectivos períodos.
Securitização
Entre os instrumentos de securitização, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) captaram R$ 38,6 bilhões e R$ 34,7 bilhões, respectivamente, de janeiro a julho, estabelecendo novos recordes na série histórica.
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) também apresentaram um desempenho significativo, somando R$ 25,4 bilhões nos primeiros sete meses do ano, o que representa um aumento de 36,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Híbridos
No segmento de híbridos, as ofertas de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) totalizaram R$ 4,4 bilhões em julho, elevando o volume acumulado no ano para R$ 31,1 bilhões, superando já o total de 2023.