Regulação, sustentabilidade, tecnologia e novos produtos de investimento são alguns dos fatores que explicam o movimento de concentração vivido pela indústria mundial de gestão de ativos. Assim revelam as conclusões do último estudo do Thinking Ahead Institute (TAI), associado à WTW, que entrevistou as 500 maiores gestoras de ativos do mundo, as quais, juntas, alcançaram 128 trilhões de dólares americanos no final de 2023.
Segundo o documento, a regulação – com 55% das empresas experimentando um aumento no nível de supervisão regulatória – e a sustentabilidade são eixos fundamentais na transformação do seu modelo de negócios. Por exemplo, 66% das empresas entrevistadas relataram um aumento no interesse dos clientes por investimentos sustentáveis, incluindo o voto, enquanto 73% aumentaram os recursos destinados a tecnologia e big data, e 55% a cibersegurança. Além disso, 47% aumentaram a representação de minorias e mulheres em cargos de liderança.
Em termos de negócios, a quantidade de ofertas de produtos aumentou para 56% das empresas entrevistadas, enquanto 27% observaram uma diminuição nos níveis agregados das taxas de gestão de investimentos, e 15% experimentaram um aumento moderado.
Quando se trata de apostar na sustentabilidade, as empresas de investimento consideram que o trabalho começa por elas mesmas. Essa reflexão já estava bastante integrada em termos de sustentabilidade ambiental, mas não tanto em relação à governança. Nesse sentido, um dos primeiros aspectos em que as gestoras estão trabalhando é na presença feminina em suas empresas e na indústria.
“Das 79 gestoras de ativos que forneceram dados sobre diversidade na força de trabalho, uma média de 24% dos cargos de alta direção são ocupados por mulheres, que representam 41% da força de trabalho total. Mulheres e grupos minoritários ainda têm uma representação relativamente baixa em cargos de alta direção, apesar de um leve aumento desde 2022”, aponta o relatório.
A aposta ambiental
Se nos concentrarmos apenas nos aspectos ambientais, vemos que o compromisso com as emissões líquidas zero até 2050 foi assumido por grande parte da indústria. “Um compromisso de ‘net zero’ é a promessa de uma empresa, país ou organização de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa até que a quantidade emitida seja equilibrada com a quantidade removida da atmosfera. O objetivo é alcançar ‘net zero’ de emissões de carbono até uma data específica, o que significa que qualquer emissão gerada é compensada por ações como captura de carbono, reflorestamento ou compra de créditos de carbono, resultando em nenhum aumento líquido de gases de efeito estufa na atmosfera. Esta é uma estratégia-chave para combater as mudanças climáticas e limitar o aumento da temperatura global”, explica o relatório.
Nesse sentido, o compromisso das gestoras de ativos varia conforme a região. Por exemplo, embora a região das Américas tenha a menor proporção de empresas com compromissos de “net zero”, ela possui a maior participação de ativos. Considerando apenas as empresas com objetivos de “net zero” para suas carteiras, os ativos comprometidos são de 18%, 13% e 3% em EMEA, Américas e APAC, respectivamente.
Além disso, deve-se considerar, como explica o documento, que as regulamentações específicas de cada país, como na Espanha (90%), Países Baixos (82%), Reino Unido (80%), Suíça (80%), França (79%) e Alemanha (77%), impulsionam uma alta taxa de adoção. Outros países de destaque incluem Japão (90%) e Austrália (71%), ambos com compromissos de “net zero” para 2050 respaldados por políticas e estratégias, em vez de mandatos legalmente vinculantes.
O uso da IA
Por fim, o relatório faz um breve balanço sobre a integração da inteligência artificial (IA). Segundo a pesquisa, a IA melhora a tomada de decisões, aumenta a eficiência, resolve problemas complexos e oferece escalabilidade. De fato, à medida que a tecnologia de IA continua avançando, seu papel na transformação das indústrias se tornará ainda mais crucial.
Essa visão se reflete na resposta dos entrevistados: 64% das empresas classificadas do Japão e da Coreia do Sul investem em IA, enquanto 82% e 72% das empresas classificadas da Índia e do Japão utilizam IA. Além disso, aproximadamente metade das empresas que utilizam inteligência artificial o fazem em seus processos de investimento (20% no geral).