A XP Asset Management, gestora de R$ 160 bilhões em ativos, tem apostado no crescimento do mercado de ETFs no Brasil, apesar de um cenário macroeconômico desafiador. Segundo Danilo Gabriel, sócio responsável pelos fundos indexados na XP Asset, a gestora já acumula R$ 3 bilhões sob gestão distribuídos em oito ETFs. Esses números representam uma parcela significativa no setor, que conta hoje com R$ 51 bilhões no país.
“Vemos muito espaço para o setor crescer no Brasil”, diz Gabriel, contando que a XP lançou seu primeiro ETF em novembro de 2020, o XFIX11, primeiro ETF imobiliário do Brasil, que replica o IFIX, índices de Fundos de Investimentos Imobiliários da B3. Hoje, Gabriel vê esse mercado avançado, mas ainda está em desenvolvimento, ante a dificuldade de concorrer com a taxa Selic.
“Muitos investidores ainda preferem obter entre 10% e 13% em ativos de renda fixa, sem volatilidade em suas carteiras, o que torna a captação para ETFs mais complexa”, afirmou.
Ele diz que busca colocar produtos sofisticados na grade da XP, mas sempre contando com o básico. “Temos por exemplo um ETF de Ibovespa. Sabíamos que tínhamos que jogar esse jogo”, diz. Gabriel afirma que hoje essa indústria tem, no Brasil, cerca de 100 produtos, dos quais 10 são ETFs da bolsa brasileira.
No entanto, a XP buscou um diferencial: o custo.
Taxa zero e foco em desempenho
O BOVEX11, que replica o Ibovespa, é o ETF mais famoso da asset, e com a maior captação. Segundo Gabriel, ele apresenta o melhor tracking error da indústria (medida que avalia a aderência do fundo ao índice de referência). Mas o segredo está uma estratégia de custo diferenciada.
No caso, a gestora adota uma política de taxa zero até que o fundo atinja R$ 1 bilhão de patrimônio. Após esse marco, passa a ser cobrado uma taxa de 10 basis points (0,10%).
“Nosso modelo é estratégico. Quando o fundo atinge R$ 2 bilhões, por exemplo, o custo total médio será de apenas 5 basis points (0,05%), já que o primeiro bilhão permanece gratuito”, explica. Além disso, o fundo possui uma estrutura ativa de aluguel de ações, que gera receita adicional para os cotistas, superando o Ibovespa em termos de retorno.
Com boa performance, exposição aos EUA chama atenção
Porém, neste ano, ante a boa performance das bolsas americanas, alguns produtos da asset bateram mais de 60% de rentabilidade no ano, têm atraído a atenção de investidores.
“Temos um pacote básico dos Estados Unidos, replicando índices da Nasdaq e do S&P500, e um pacote EUA dedicado”, diz Gabriel.
“O Nasdaq tem captado muito bem”, afirma, sobre o ETF Nasd11, que subiu 61,7% no ano, refletindo a excelente performance da segunda maior bolsa de valores do mundo, que tem disparado ante o frenesi tech global.
Ele afirma que, embora não dê para saber com exatidão sobre quais são os investidores que aportam nos ativos da asset, visto que estão listadas em bolsa, tem investidores institucionais na clientela.
“Temos grandes fundos de pensão investindo e, ao mesmo tempo, um trabalho ativo com nossa rede de assessores para incentivar o uso de ETFs. Acreditamos que eles são produtos transparentes, eficientes, baratos e com alta liquidez, trazendo muitos benefícios para o cliente final”, diz.
Além da exposição aos FIIs, Ibovespa e EUA, a XP também trouxe para o cardápio ETFs de exposição à China e um de ouro, o primeiro do Brasil dedicado à commodity, e que segundo Gabriel, tornou-se ainda mais importante nos últimos anos.
“Ele é voltado para o mundo de ouro, até com ouro físico na estrutura. Com o movimento técnico da B3 de parar de negociar os tickers de ouro, nosso fundo foi agregando essa demanda latente por um ativo líquido, transparente, dedicado a esse setor”, diz.
Setor favorece diferentes classes de investidores, e tende a crescer
Segundo Bruno Tariki, gestor de fundos indexados na XP, a classe acaba atraindo diferentes classes de investidores, com vantagens itens vantajosos interessantes a cada uma delas.
“O passivo desse fundo tende a ser mais pulverizado nessas categorias. Características como transparência, baixo custo, que favorecem o carrego a longo prazo, atraem institucionais. Para o varejo, a facilidade de entrar e sair a qualquer momento, ou de ter uma rentabilidade extra alugando sua posição”.
Ele afirma que o mercado brasileiro evoluiu muito desde a pandemia, saindo de 14 para mais de 100 produtos disponíveis, mas ainda representa menos de 1% da indústria de fundos no país. “Comparativamente, nos Estados Unidos, ETFs já dominam 50% do mercado de fundos”, destacou.
Planos para 2025
Embora o foco principal seja consolidar os produtos existentes, a XP estuda lançar novos ETFs alinhados às tendências globais. “Estamos atentos ao que está sendo feito no mercado americano, como os ETFs de criptomoedas aprovados pela SEC, e às demandas locais. Queremos ser formadores de tendências, e não apenas seguidores”, concluiu Gabriel.
Com uma abordagem centrada em transparência, eficiência e custos baixos, a XP Asset acredita que o mercado de ETFs no Brasil está apenas começando a explorar seu verdadeiro potencial.