O mercado de FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório) e de FIPs (Fundos de Investimento em Participações) parece estar bem aquecido para alguns players do mercado, como a IDGR, gestora especializada em investimentos estruturados, que vem crescendo substancialmente a cada ano, explica seu sócio fundador de diretor de investimentos, Gustavo Biava, em entrevista a Funds Society.
Ele afirma que a gestora deverá se dividir até o final do ano em duas estruturas amplas, com empresas diferentes se dedicando exclusivamente às suas respectivas áreas. No caso dos FIPs, a nova empresa será chamada de ID Serviços Fiduciários, e na parte de asset, se chamará GRID. Ambas trabalharão em consonância com a ID Corretora, que hoje é uma estrutura separada e independente da operação.
Dobrando de tamanho a cada 12 meses
“Basicamente, estamos dobrando de tamanho ano a ano”, diz Biava. A asset hoje conta com 95 fundos sob gestão, além de 25 FIPs sob administração fiduciária. Dentro da asset, são em torno de 40 FIDCs, e o restante é composto por FIAGROs (Fundos de Investimentos em Cadeias Agroindustriais, fundos multimercados e FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário). Há um ano, eram 48. Com isso, a gestora passou de R$ 2,15 bilhões AUM para R$ 5,10 bi em um ano, crescimento de 137%, segundo os últimos dados, compilados até março de 2024. A meta para dezembro é chegar a R$ 7 bilhões sob gestão.
E todos os veículos com alocação interna. “Somos mais estruturadores de soluções, alocação é só dentro de casa, que operamos para outros fundos nossos”, diz o diretor, ressaltando que a IDGR é “mais corporate banking do que gestora”
O crescimento registrado nos últimos 12 meses, explica Biava, vem de uma crescente demanda por FIDCs, de investidores, que veem na classe um ativo atrativo e livre de impostos, mas também por empresários, que além das vantagens tributárias veem oportunidades de operação. “Tem empresário que usa o FIDC como um minibanco exclusivo, no qual ele pode financiar a cadeia produtiva dele. Hoje ele pode fazer operações de crédito e inclusive dar empréstimo”, afirma. “Muito empresário viu isso como uma oportunidade. Ele tá na empresa dele pagando imposto sobre o lucro real, e percebe que há veículo que pode ser seu braço financeiro, sem pagar imposto”, diz.
E assim tem visto muitos novos clientes montando FIDCs para transferir seus ganhos financeiro para o fundo, numa estrutura tributária menor. Outra explicação vem dos investidores qualificados e profissionais, foco da empresa.
“Hoje esse é um produto bastante atraente, e muitos recursos que estavam em fundos líquidos migraram para outras classes de ativos, para fugir do come-cotas”, diz, colocando que o fundo acaba sendo um produto de renda fixa, e que dependendo da estrutura feita, traz muita segurança, com subordinação de cotas, e com garantias. “Temos observado um grande investimento”.
No entanto, Biava diz que ainda não vê uma disponibilidade prática para o varejo, apesar da possibilidade dada pela nova regulação CVM 175. “Nem as plataformas tem muita disponibilidade para fazer essa operação, explicar ao investidor o que é. É um produto mais complexo”, argumenta.
FIPs em alta
Apesar de agora serem tributados para operações de M&A, sendo ‘desestimulados’, na visão do diretor de investimentos, os FIPs tem registrado uma alta dentro da IDGR, que passou de 13 para 25 FIPs sob administração fiduciária em um ano.
“Agora esses fundos estão sendo mais usados para o que de fato foram concebidos: como veículos de investimento”, diz Biava. Ele afirma que vê os FIPs cada vez mais sendo utilizados como ‘instrumentos pré-IPO”. “Você começa como startup, depois Venture Capital, para para um FIP e finalmente tem o IPO (…) Vai-se aumentando a complexidade, melhorando a governança e atingindo investidores mais sofisticados”. diz, afirmando que o veículo segue vantajoso, em questões de m governança e blindagem patrimonial, além de facilitar a valorização e venda das empresas devido a avaliações recorrentes e auditorias independentes.