Uma estratégia ousada, quase integralmente focada em ações no exterior, juntamente com uma quantia significativa do patrimônio líquido em caixa para capturar oportunidades de forma rápida, vem trazendo à gestora Arbor Capital uma performance relevante. Em 2024, a casa tem atraído investidores institucionais e, no ano, elevou seu capital sob gestão em mais de 25%, para R$ 500 milhões.
“Sem dúvidas, o principal motivo dessa captação é que o fundo apresenta bom desempenho tanto em períodos longos quanto curtos”, diz João Vitor Valladares, fundador e analista da gestora, em conversa com a Funds Society. O fundo ao qual ele se refere é um fundo master, alimentado pelos feeders Arbor FIC e Arbor II FIC, distribuídos, respectivamente, para investidores institucionais e de varejo.
No ano passado, o fundo rendeu 58%, e nos últimos 12 meses, alcançou quase 30% de rentabilidade, o que chamou a atenção de family offices e RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), explica Valladares. Historicamente, o fundo atingiu uma performance líquida de 21% ao ano.
“Outro ponto a nosso favor é que estamos em crescimento, com um patrimônio líquido que ainda não é tão grande comparado ao de outras gestoras, o que nos dá espaço para expansão”, ressalta o analista.
Long-Only com foco no exterior
Na carteira do Arbor FIC, o Brasil historicamente “representou apenas cerca de 10% da composição”, diz Valladares. A carteira atual conta com 23 ações, e atualmente a principal ação doméstica do fundo é a PetroRio, empresa de óleo e gás, que o analista viu como uma oportunidade.
“Entramos quando a empresa ainda estava na transição de HRT para se tornar PetroRio, com mudanças no controle e no compliance, em um momento em que a ação era negociada a preço de caixa”, diz, citando que a gestora mantém por volta de 25% do PL em caixa para poder agir de forma rápida diante de oportunidades. “Isso foi um ponto importante como gerador de alpha”, acrescenta.
Mas o core do fundo está realmente nas bolsas globais. Sempre com hedge cambial, a gestora distribui a alocação em empresas que operam globalmente. “Quando olhamos nossa exposição considerando o domicílio fiscal, ela está concentrada nos EUA. Mas, se olharmos por receita, os EUA representam menos de 50%”, diz Valladares, usando como exemplo a VISA, uma das ações da carteira, que tem 55% da receita fora dos Estados Unidos. “Nos vemos como um fundo de ações sem barreira geográfica”, afirma.
O setor de serviços financeiros é um dos principais da Arbor, que também possui ações como Mastercard, além de gestoras listadas como Brookfield e a empresa Nasdaq, responsável pela bolsa de mesmo nome. “A estratégia se concentra em empresas que conseguem crescer a geração de caixa por ação de forma previsível, em uma janela longa”, diz.
Segundo o analista, as empresas compradas costumam pontuar bem em três características:
- Tendência secular de crescimento que sustente esse crescimento de longo prazo;
- Barreira à entrada: “Procuramos vantagens competitivas crescentes nos negócios em que investimos”;
- “Procuramos um histórico consistente de resultados nessas empresas.”