O grupo de serviços financeiros Credicorp lançou a quarta edição de seu Índice de Inclusão Financeira (IIF), um estudo cujos resultados destacaram uma tendência positiva para a região. Isso inclui o país que assumiu a liderança na região: o Chile, que se posicionou como o país com o melhor nível de inclusão financeira.
O relatório, conforme detalhado pela empresa em um comunicado de imprensa, revelou que 28% da população adulta latino-americana atingiu um nível avançado de inclusão financeira, um aumento considerável em comparação com 25% em 2023 e 16% em 2021.
Este estudo foi encomendado à Ipsos Peru e coletou dados de oito países: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá e Peru. Com esses números, a empresa construiu o índice com base em três dimensões de medição: acesso, uso e qualidade percebida do sistema financeiro. No total, foram entrevistadas mais de 13.000 pessoas com mais de 18 anos.
Nesta edição do estudo, o Chile alcançou a primeira colocação da região, superando o Panamá pela primeira vez. O país andino obteve 58,3 pontos, em uma escala de 0 a 100, onde uma pontuação mais alta significa um maior nível de inclusão financeira.
Os últimos resultados do IIF também destacam que 47% dos chilenos estão em um nível avançado de inclusão financeira, comparado a 38% em 2023. Enquanto isso, 40% da população ainda está progredindo em direção a uma melhor inclusão financeira.
“Durante esses quatro anos, o IIF se tornou uma ferramenta fundamental para entender os desafios enfrentados pelos países em termos de inclusão financeira. Os resultados evidenciam o papel que a digitalização está desempenhando nesse âmbito e a urgência de fortalecer planos que descentralizem os serviços do sistema financeiro formal”, comentou Gianfranco Ferrari, CEO da Credicorp, no comunicado de imprensa.
O caso chileno
Embora o Chile esteja entre as pontuações mais altas da região desde 2021, seu nível de inclusão financeira não havia experimentado um aumento significativo desde a pandemia de COVID-19. Desta vez, foram registrados aumentos no acesso, uso e na qualidade percebida dos produtos e serviços.
Há alguns indicadores que melhoraram constantemente desde 2021. Por exemplo, destacaram o conhecimento sobre produtos e serviços financeiros e a percepção sobre eles. Alinhado a isso, o indicador em que o Chile mais se destaca é o de “frequência mensal de uso de produtos e serviços financeiros”. Assim, um chileno médio utiliza esses serviços 21 vezes por mês, enquanto a média regional é de oito vezes.
Em relação ao acesso, por um lado, foi relatada uma diminuição no número de barreiras para o uso da infraestrutura financeira e, por outro lado, um aumento na posse de produtos de crédito no sistema financeiro. Além disso, o país apresentou um crescimento na proporção de cidadãos que indicam poupar, passando de 30% em 2023 para 41% em 2024.
O Chile é um dos países que melhor utiliza o sistema financeiro na América Latina e, diferentemente do restante da região, encontrou uma alternativa às carteiras digitais: os cartões de débito. A população apresenta uma baixa adesão às carteiras digitais: 20%, o mesmo percentual do ano passado, em comparação com a média latino-americana de 36%. O percentual de posse de cartões de débito é de 77%, usados para pagar serviços ou comprar produtos do cotidiano (casa, limpeza, alimentos, etc.).
Isso é notável, já que o uso de cartões de débito para o pagamento de produtos e serviços supera os níveis de uso de dinheiro em espécie no Chile. Isso não acontece em nenhum outro país, segundo destacou a Credicorp. Apenas 7% da população chilena indica receber seus rendimentos em dinheiro.