Ante uma expectativa otimista sobre demanda de ativos internacionais no Brasil, a espanhola Capital Strategies quer ampliar sua oferta de produtos locais entre institucionais, com a promoção de Leonardo Lombardi para business partner, responsável pela operação brasileira.
Sediada em Madrid, a empresa de third-party distribution atingiu no início de 2024 a cifra de R$ 1 bilhão sob distribuição no Brasil. E quer multiplicar esse valor ao longo dos próximos anos.
“Acho que apesar das dificuldades atuais das gestoras, por questões políticas e fiscais, o cenário para internacional tem uma solidez e oportunidade muito grande de surpreender esse ano”, diz Lombardi, em entrevista a Funds Society.
Cenário pode provocar demanda por dólar e ativos offshore
Diante da volatilidade cambial que gerou uma desvalorização do real no último ano, além do desempenho positivo de ativos globais, o novo sócio da Capital Strategies se prepara para ampliar a oferta de produtos no país.
“Se olharmos de uma forma mais simplista, ações locais, multimercado estão ruins. Renda fixa local não tem sustentabilidade, risco fiscal grande. O que vemos de muitos clientes nossos é que o que teve melhor desempenho nos últimos dois anos foi o internacional”, afirma o novo business partner, que marcou passagem pela Oria, de venture capital, e pela XP, na área de distribuição.
Lombardi conta que, do que percebe dos investidores brasileiros de varejo, o retorno passado costuma ser um bom atrativo, embora não garanta retorno futuro. “Conhecendo investidores brasileiros, muita gente olha para o retrovisor. E enxerga ali um grande retorno nessa classe”, diz.
Mas ele conta que essa demanda por ativos offshore tem partido, inclusive, de investidores institucionais.
Entre as novas propostas, estão mandatos exclusivos de fundos de pensão para alocação internacional, que a corretora disputa esse ano, ampliando seus clientes no setor —ela já administra carteiras para duas EFPCs (Entidades Fechadas de Previdência Complementar). Segundo Lombardi, a demanda por ativos offshore, nesse setor, tem aumentado.
“Estamos vendo fundos de pensão começando a fazer movimentos [de alocação internacional], a terem mais apetite por esse ativos e nos contatarem buscando lançar mandatos no mercado”, afirma.
Ele também conta que, algumas fundações, que alocaram muitos recursos na RF, batendo o atuarial e “ficando descansados”, agora começam a se mexer olhando mais atentamente ao longo prazo. “Elas estão entendendo o risco de estarem no ‘99%’ de pacote Brasil”, diz.
Com seis estruturas atualmente, cesta de produtos vai aumentar
Hoje, a Capital Strategies marca presença no país com dois BDRs (Brazilian Depositary Receipts), um de ouro e outro de prata, da abrdn (Aberdeen), gestora britânica com mais de U$500 bilhões sob gestão, que também oferece um fundo feeder local, com possibilidade de hedge cambial.
Outro feeder é da Aviva Investors, maior seguradora do Reino Unido, com mais de US$ 300 bilhões sob gestão. Além deles, a corretora opera também com os já citados mandatos exclusivos com fundos de pensão.
Para esse ano, a empresa quer trazer mais BDRs, e também conversa com feeders. Nos próximos meses, uma nova estratégia voltada a commodities está prevista.
Diferencial no pós-venda, diz Lombardi
Diante da concorrência com outras distribuidoras de produtos internacionais, Lombardi diz que, para além dos produtos, a Capital Strategies se diferencia na manutenção do relacionamento após a venda e na relação com as gestoras que trazem os novos produtos ao Brasil.
“É fácil vender o fundo quando ele está performando bem. O diferencial está em atender os clientes mesmo quando o desempenho é negativo, com eles podendo me ligar, e com a empresa possibilitando a criação de uma ponte entre eles e o time de investimentos.”