Atualmente, dado o contexto econômico de altos níveis de incerteza, a gestão de patrimônio ganhou destaque entre os gerentes de ativos, pois permite que eles maximizem e preservem o valor dos ativos de seus clientes por meio de estratégias financeiras e de investimento personalizadas. Isso inclui a proteção do patrimônio, atenuando os riscos por meio da diversificação e da seleção de ativos que sejam resistentes a flutuações. Além disso, concentra-se em garantir recursos suficientes para a aposentadoria e facilitar a transferência eficiente do patrimônio para as gerações futuras. O gerenciamento de patrimônio também envolve a adaptação contínua às mudanças pessoais e de mercado, sempre mantendo o alinhamento com as metas de longo prazo do cliente e aproveitando as inovações financeiras de forma segura.
Alberto Silva, de nacionalidade chilena, é o novo diretor do Multifamily Office do BTG Pactual Chile. Com mais de 18 anos de experiência no setor financeiro, ele foi gestor de portfólio em estratégias de renda fixa, ações e produtos estruturados. Sua transição para a gestão de patrimônio foi motivada pelo desejo de desenvolver habilidades comerciais e pessoais, além de sua experiência em gestão ativa.
Quais são os maiores desafios que você enfrenta atualmente como diretor do Multifamily Office do BTG Pactual Chile?
O principal desafio é fornecer um serviço altamente personalizado e abrangente para famílias de alto patrimônio líquido, mantendo um histórico sólido em um ambiente financeiro cada vez mais volátil e complexo. Além disso, enfrentamos uma concorrência crescente devido ao surgimento de consultores e pequenos escritórios, juntamente com os avanços tecnológicos que intensificaram a concorrência e reduziram as taxas no setor.
Que estratégias você considera fundamentais para o crescimento e a sustentabilidade do setor de gestão de ativos e patrimônios, especialmente no Chile?
É fundamental entender as mudanças nas necessidades dos clientes em um ambiente geopolítico e demográfico complexo. No BTG Pactual Chile, concentramo-nos na estratégia de desenvolver negócios na região, aproveitando as oportunidades de investimento local e contando com o apoio de uma equipe robusta nos principais centros financeiros do mundo.
Quais são as principais tendências no setor de gestão de patrimônio?
Atualmente, há uma tendência crescente de maior diversificação dos portfólios, especialmente com um aumento da exposição internacional. A internacionalização dos portfólios, o aumento da exposição ao dólar e o uso de plataformas internacionais são tendências-chave em um ambiente de crescente incerteza, mudanças demográficas e avanços tecnológicos que afetam tanto o setor quanto os mercados. Nesse sentido, a plataforma internacional do BTG Pactual tem sido fundamental para fornecer acesso a mercados na Europa e nos Estados Unidos para clientes latino-americanos.
Em termos de crescimento do setor, você acha que ele se voltará para contas gerenciadas separadamente ou veículos de investimento coletivo?
Há espaço para os dois tipos de produtos. Em nossa experiência, os clientes institucionais preferem contas separadas, enquanto as famílias de alto patrimônio líquido tendem a optar por veículos de investimento coletivo. Ao longo de minha experiência, gerenciei todas as classes de ativos, com maior ênfase em estratégias de renda fixa. No BTG Pactual, usamos uma plataforma de arquitetura aberta para investir com os melhores gestores do mundo, oferecendo valor consistente aos nossos clientes.
Vocês alocam uma determinada porcentagem do portfólio de um cliente em ativos alternativos e como eles variam em termos de localização geográfica?
Sim, desenvolvemos um programa de ativos alternativos com exposições que variam de 25% a 35% em produtos como private equity, dívida privada e imóveis. Também atuamos em club deals, oferecendo investimentos com retornos mais altos e menor volatilidade, embora com menor liquidez. As bases desses ativos alternativos variam geograficamente. Nossa estratégia de arquitetura aberta nos permite investir nos melhores gestores locais e internacionais, identificando consistentemente aqueles que proporcionam altos retornos.
Qual é o maior desafio na captação de capital ou na aquisição de clientes?
O maior desafio é entender as necessidades do cliente para criar uma proposta de valor que combine seus objetivos financeiros, o retorno esperado, o risco, a liquidez, os valores e o legado da família.
Quais fatores você acha que um cliente prioriza ao investir?
Os clientes priorizam o retorno esperado em relação ao risco percebido, a eficiência e o custo das estratégias de investimento e, cada vez mais, os valores familiares e a finalidade do patrimônio.
Como a tecnologia está transformando o setor de gestão de patrimônio, especificamente a inteligência artificial?
A tecnologia está democratizando as oportunidades de investimento por meio de plataformas e assistentes virtuais. A inteligência artificial facilita a análise rápida de grandes volumes de informações e a automação de tarefas administrativas, permitindo que nos concentremos no relacionamento com o cliente e na identificação de oportunidades de investimento.
Quais são as habilidades mais importantes a serem desenvolvidas por um gerente de gestão de patrimônio e como você personaliza as estratégias de investimento para atender às necessidades de cada cliente?
Um gerente de gestão de patrimônio deve desenvolver habilidades essenciais, como habilidades analíticas, comunicação eficaz, trabalho em equipe e adaptabilidade a mudanças, especialmente em um ambiente financeiro volátil e desafiador. Para personalizar as estratégias de investimento de um cliente, o BTG Pactual conta com uma equipe altamente qualificada, tanto local quanto internacionalmente. No Chile, somos 12 profissionais dedicados ao negócio Multifamily, apoiados por uma equipe de 35 nos Estados Unidos, no Brasil e em Luxemburgo, e com o suporte de mais de 8.000 profissionais em todo o mundo.
Futuro da gestão de patrimônio
Nos próximos 5 a 10 anos, Alberto prevê uma mudança geracional significativa na tomada de decisões de investimento. As novas gerações estão inclinadas a investimentos alternativos, capital de risco e estratégias que abordem o impacto da tecnologia e das mudanças climáticas. Essa mudança está ocorrendo em um ambiente de retornos esperados cada vez menores, o que impulsionará uma busca maior por oportunidades que ofereçam retornos financeiros e impacto social positivo. A integração de tecnologia avançada e a personalização das estratégias de investimento também desempenharão um papel crucial na adaptação a essas novas prioridades e no atendimento às expectativas dos investidores emergentes.
Entrevista de Emilio Veiga Gil, vice-presidente executivo da FlexFunds, no contexto do “Trends Watch” da FlexFunds and Funds Society.