A B3 realizou nesta quarta-feira (26) um evento para discutir o futuro das duplicatas escriturais e sua relevância na modernização do crédito no Brasil. O encontro reuniu especialistas e representantes de empresas para debater os impactos da nova regulamentação do Banco Central sobre o registro eletrônico desses ativos.
A Resolução nº 339 do Banco Central estabelece que empresas com faturamento anual superior a R$ 300 milhões deverão registrar eletronicamente suas duplicatas caso queiram utilizá-las na captação de crédito. Esse processo será gradualmente ampliado para médias e pequenas empresas.
“Isso terá um impacto significativo em todo o ecossistema de crédito brasileiro. A B3 está preparada para apoiar tanto tomadores quanto financiadores nessas mudanças”, afirmou Viviane Basso, vice-presidente de Operações, Emissores, Depositária e Balcão da B3.
Atualmente, apenas os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) são obrigados a registrar duplicatas, o que pode gerar riscos como duplicidade, erros administrativos e fraudes. Com a nova regulamentação, a B3 oferecerá uma plataforma para validar esses instrumentos perante os pagadores, reduzindo custos administrativos e aumentando a segurança do sistema.
“O registro eletrônico das duplicatas trará ganhos operacionais e de transparência. Nosso objetivo é ajudar as empresas a escolherem as melhores formas de financiamento, aproveitando o ecossistema da B3”, destacou Humberto Costa, diretor de Produtos da B3.
Segundo Costa, a B3 lidera o registro de duplicatas mercantis no Brasil e busca expandir sua atuação, contando com outras empresas do grupo, como Neoway, Neurotech e PDtec, que oferecem soluções em análise de dados e cobrança. Ele ressaltou que a bolsa pretende minimizar atritos para emissores, pagadores e financiadores ao longo de todas as etapas do processo de crédito.
O evento também abordou o potencial de crescimento do segmento, que movimenta cerca de R$ 10 trilhões por ano no Brasil, com apenas 10% dos títulos emitidos sendo negociados. Foram discutidos ainda os desafios da Reforma Tributária e a importância da integração de novas tecnologias para ampliar as alternativas de captação de recursos e rentabilidade para investidores.