Magdalena Rodríguez Luis lidera atualmente a equipe de Vendas e Marketing da Zonamerica, empresa dedicada a criar plataformas altamente competitivas para o desenvolvimento de negócios internacionais. Com campus no Uruguai e na Colômbia, a Zonamerica fornece soluções integrais em instalações de alto padrão, oferecendo flexibilidade e escalabilidade para apoiar o crescimento de seus clientes. Rodríguez Luis conversa com a Funds Society sobre os planos da Zonamerica para 2025 e atualiza as perspectivas de negócios para a empresa.
O setor financeiro do Uruguai cresceu muito nos últimos anos. Qual foi a contribuição da Zonamerica para essa expansão?
A Zonamerica se destaca por ter criado um campus seguro, com infraestrutura e serviços de alto nível que são altamente valorizados pelo setor financeiro. Do ponto de vista imobiliário, oferecemos um amplo portfólio de escritórios com estilos diferentes que se adaptam às necessidades de diversos atores da indústria. Desde espaços em nossos Business Centers, ideais para pequenas equipes de 2 a 6 postos de trabalho, passando por escritórios de maior porte em Edifícios Classe A+, até a possibilidade de desenvolver prédios sob medida. Propomos um esquema flexível e escalável que permite que os clientes possam começar com uma operação pequena e expandir à medida que seu negócio necessite.
Também ajudamos os clientes em dois aspectos que são relevantes para seus negócios: Tecnologia, oferecendo serviços especialmente projetados para a indústria e que cumprem com os requisitos do BCU; e Talento, fornecendo soluções tanto de recrutamento quanto de formação. Nesse sentido, assinamos recentemente uma aliança estratégica com o CFA Institute, permitindo que nossos clientes tenham acesso às principais certificações e ao CFA® Program.
Essa abordagem permitiu consolidar um ecossistema robusto, reunindo as principais empresas de Wealth Managementda região, além de empresas boutique, assessores independentes, family offices, distribuidores de fundos, especialistas em estruturação e planejamento sucessório, entre outros. Atualmente, 80% das entidades financeiras registradas no Banco Central do Uruguai que operam em Zonas Francas estão estabelecidas na Zonamerica, o que nos enche de orgulho e nos desafia a sermos cada vez melhores.
O câmbio de governo na Argentina, com a abordagem liberal de Javier Milei, não gerou mudanças substanciais na indústria financeira uruguaia. Você acredita que, no curto prazo, isso pode impactar ou beneficiar os negócios no Uruguai?
As mudanças ainda são muito recentes. É verdade que existe um otimismo generalizado em relação à melhoria das condições político-econômicas da Argentina sob a liderança de Javier Milei. Acredito que, se a economia argentina crescer, haverá mais riqueza, e isso sempre é uma boa notícia para a região. O Uruguai continuará sendo uma opção estável e segura para a gestão desse crescimento.
O Uruguai trocará de governo em março, mas a sensação é que não haverá mudanças no foco na captação de investimentos estrangeiros. Quanto a criação de novas zonas francas pode ajudar nesse aspecto?
Sim, o Uruguai é um país que tem a necessidade de buscar investimentos estrangeiros. Nosso tamanho nos obriga a olhar para fora. Como dizemos: “Do Uruguai para o mundo”. Precisamos continuar sendo atraentes para que as empresas escolham o Uruguai para desenvolver seus negócios regionais e globais. As novas zonas francas continuarão criando um ambiente favorável para receber empresas que desejam operar na região dentro de um marco legal seguro e estável, com uma visão de longo prazo.
Há um consenso entre políticos, empresários e acadêmicos de que o Uruguai precisa de um crescimento maior do que o dos últimos 10 anos. Qual a importância das zonas francas nesse cenário?
As zonas francas desempenham um papel essencial no crescimento do país. Enquanto a economia uruguaia experimentou flutuações nos últimos 5 anos, as zonas francas mantiveram um crescimento constante em termos de investimento, emprego e contribuição ao PIB. De acordo com a última pesquisa publicada, as zonas francas representam 6,6% do PIB do Uruguai e empregam 21.000 pessoas, com salários que dobram a média salarial do país. Além disso, as atividades nas zonas francas mostraram resiliência diante dos desafios da região e até mesmo da pandemia da COVID-19. Os incentivos oferecidos tornam esse modelo ideal para impulsionar o desenvolvimento econômico do país.
A Zonamerica está localizada em uma região metropolitana de Montevidéu, que cresceu muito. Mas esse crescimento aconteceu após a instalação da empresa. Como vocês avaliam as mudanças demográficas e o impacto sobre o negócio?
O crescimento da cidade para o leste nos últimos anos é realmente impressionante, e isso se intensificou durante a pandemia, quando as pessoas passaram a valorizar mais a possibilidade de viver em espaços mais abertos e próximos da natureza. O campus da Zonamerica se tornou uma extensão dessa nova forma de convivência.
O impacto tem sido extremamente positivo. As empresas que se estabelecem no campus, especialmente as do setor financeiro, frequentemente trazem expatriados que apreciam a oportunidade de morar em bairros próximos, com acesso às melhores escolas e ao Aeroporto.
Além disso, o crescimento demográfico nessa direção facilita o acesso a talentos qualificados, que estão cada vez mais próximos da Zonamerica.
Desde a fundação da empresa, Orlando Dovat, nosso fundador, sonhava com a expansão da cidade nessa região, criando um distrito de uso misto, integrando o Parque de Negócios com áreas comerciais e residenciais. Em alinhamento com essa visão, estamos atualmente trabalhando com a Kopel Sánchez no desenvolvimento de um novo bairro em Villa García, ao lado da Zonamerica. Esse projeto, sem dúvida, transformará a região.
Imagem do campus de Zonamerica
Quais outros objetivos estratégicos foram estabelecidos na Zonamerica para 2025 e anos seguintes?
Estamos envolvidos em vários projetos que nos entusiasmam muito. Destaco os mais relevantes e iminentes.
Por um lado, fechamos um acordo com o World Trade Center Punta del Este, pelo qual nos tornamos sócios dos Business Centers da Torre. Isso significa que podemos oferecer aos nossos clientes uma opção de qualidade em uma cidade que está se posicionando como um hub de negócios alternativo a Montevidéu. Confiamos que essa parceria trará uma grande contribuição para a cidade, combinando o know-how e a identidade de ambos os parceiros. A Torre e o Business Center já estão em construção e estarão prontos no segundo semestre de 2025.
Por outro lado, estamos desenvolvendo um Parque Empresarial sob o regime de Parque Industrial, ao lado da Zonamerica. Isso nos permite oferecer aos nossos clientes um novo conjunto de incentivos fiscais (Lei de Investimentos e Parques Industriais), mantendo a mesma qualidade de infraestrutura, serviços e suporte que já oferecemos na Zonamerica. Trata-se de um parque com cerca de 24 hectares, voltado para indústrias inovadoras e em crescimento, incluindo tecnologias limpas (cleantech), ciências da vida (pharma e biotecnologia), agritech, foodtech e indústrias criativas.
O parque contará com um Campus Audiovisual, liderado pela Musitelli Film & Digital (que já opera em Montevidéucom a Reducto Films). Além disso, fechamos um acordo com um importante laboratório argentino, que instalará uma planta de última geração no parque, e estamos em negociações com outras empresas internacionais. Sem dúvida, esse projeto será mais um grande passo para a consolidação da região.
Por Pedro Pligher