A nova edição do Global Private Equity Report, da Bain & Company, aponta uma recuperação do setor de private equity em 2024, com aumento de 37% no volume de aquisições, que atingiu US$ 602 bilhões, e 34% nas saídas, chegando a US$ 468 bilhões. O relatório indica um retorno gradual da confiança no mercado, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador.
Apesar do crescimento, a captação de recursos segue como um obstáculo. Segundo a Bain, houve uma queda de 24% no fundraising em relação ao ano anterior, reflexo da maior seletividade dos investidores. “A competição por capital se mostra cada vez mais acirrada, com investidores priorizando fundos com histórico consistente e estratégias de valor bem diferenciadas”, destaca a consultoria.
Gustavo Camargo, sócio da Bain e líder da prática de Private Equity, afirma que o setor enfrenta mudanças estruturais. “O aumento dos custos para gerar retornos superiores ao mercado, a pressão sobre as taxas de administração e a competição crescente por bons negócios são fatores que demandam uma evolução das estratégias de criação de valor”. Segundo ele, “os fundos devem implementar modelos diferenciados e de longo prazo, aliados a uma clara definição de ambições. Com isso, será possível ampliar as chances de sucesso nos próximos anos”.
A Bain também observa que a concorrência por ativos de qualidade no mercado de fusões e aquisições se intensificou. “Para os fundos de private equity se destacarem, será necessário estabelecer estratégias claras, com um plano sólido de criação de valor desde a due diligence até a execução pós-aquisição”, aponta o relatório.
O estudo destaca ainda a queda no retorno médio dos carve-outs corporativos, que passou de 3,0x para 1,5x nos últimos anos. No entanto, carve-outs bem estruturados ainda apresentam bons resultados, com múltiplos médios de 2,5x. “Os investidores devem garantir uma estratégia clara de criação de valor desses negócios desde a due diligence, além de um plano de desmembramento e execução robustos, para mitigar riscos e alcançar retornos sólidos”, afirma Camargo.
Outro ponto abordado é o impacto da Inteligência Artificial (IA) no setor. O relatório destaca que muitas empresas já estão investindo na tecnologia para otimizar operações e gerar valor em suas carteiras. “A IA não é uma solução única, mas pode ser uma chave para o sucesso, com empresas explorando seu potencial para melhorar a eficiência operacional e aumentar receitas”, conclui a Bain.