O ano de 2024 começou aquecido no mercado de capitais brasileiro. Segundo datos divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais nesta segunda (11), a oferta de produtos chegou a R$ 64 bilhões nos dois primeiros meses do ano — alta de 50,6% em relação ao mesmo período de 2023.
Segundo o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da associação, Guilherme Maranhão, “vários instrumentos apresentaram crescimento neste início de ano. Isso mostra parte do potencial do mercado de capitais em um momento de expectativa por mais cortes na Selic e a busca dos investidores por diversificação de suas carteiras, o que já se reflete no apetite por ativos mais sensíveis à taxa de juros”.
De acordo com dados desta terça (12) do último boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central brasileiro, fruto de pesquisa com diversas instituições do mercado, a taxa Selic deve cair de 11,25% para 9% até o final do ano.
Debêntures lideram ofertas
O instrumento de investimento que recebeu mais ofertas em janeiro e fevereiro foram as debêntures, que são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos financeiros.
No período, foram emitidas somando R$ 22,4 bilhões em fevereiro, com um salto de 237,1% ante o mesmo mês do ano passado, e R$ 30,7 bilhões no bimestre, com crescimento de 21,1% no confronto com igual intervalo em 2023.
A maioria das emissões no acumulado deste ano foi direcionada para gestão ordinária dos negócios (32,2%) e investimentos em infraestrutura (16,9%). O prazo médio dos papéis ficou em 6,79 anos, patamar bem próximo do contabilizado no mesmo período do ano passado (6,95 anos).
CRIs saltam
Entre os demais instrumentos de renda fixa, as ofertas de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) totalizaram R$ 7,4 bilhões no mês e R$ 10,9 bilhões no bimestre, com crescimentos de 305,7% e de 298,2%, respectivamente, ante o mesmo período do ano anterior.
Já as emissões de CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) tiveram expansão de 54% em fevereiro, para R$ 3,6 bilhões, e de 67% nos dois primeiros meses do ano, para R$ 5,1 bilhões.
Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) também apresentaram alta, chegando a R$ 2,5 bilhões em fevereiro e a R$ 5,5 bilhões no ano, contabilizando aumentos de 74,3% e de 51,8%, respectivamente.
Nos produtos híbridos, os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) se destacaram, atingindo R$ 4,0 bilhões em fevereiro, com 123,9% de alta, e R$ 7,1 bilhões no primeiro bimestre, com crescimento de 114,5%.
Na renda variável, as primeiras operações de follow-on (oferta subsequente de ações) do ano foram encerradas, totalizando R$ 3,1 bilhões em emissões em fevereiro. Nos dois primeiros meses de 2023, não houve ofertas.