O contexto geopolítico, os elevados déficits fiscais e a inflação permanecerão como as principais fontes de volatilidade para os mercados no segundo semestre de 2024. “A geopolítica continua gerando inquietação, mas assim como analisamos a geopolítica, acredito que poderíamos observar os déficits fiscais no mundo e a inflação”, afirma William Davies, Chief Investment Officer da Columbia Threadneedle Investments. No entanto, ele considera que o fato de os bancos estarem atuando juntos e em uníssono, e compartilharem políticas, dá algum respaldo aos mercados e poderia reduzir essa volatilidade.
A gestora sustenta que a política monetária será outro foco de interesse durante a segunda metade do ano. Assim, caso se mantenha a trajetória de queda das taxas de juros por parte dos bancos centrais, a gestora de ativos aponta que a economia mundial continuaria mostrando resiliência. Nesse sentido, a evolução da inflação será fundamental. “A inflação se situará em níveis mais altos nos próximos anos em comparação com a década de 2010 e dos anos 2000, quando estava, em geral, abaixo de 2%. Descartamos voltar a ver níveis entre 5% e 9% nos próximos anos, mas esse último ajuste de 3%/4% nos EUA até a meta de 2% será difícil de alcançar”, acrescenta Davies.
A esse desafio se soma o dos déficits fiscais dos principais países, cujo custo aumentou como consequência de taxas de juros mais elevadas. “Se as taxas de juros são próximas de zero, o custo do serviço dessa dívida não precisa ser tão elevado, mas com a situação atual o custo é muito maior”, acrescenta Davies.
Renda Fixa: Investment Grade
Em renda fixa, a Columbia Threadneedle se mostra construtiva em crédito investment grade e destaca que, embora a política monetária e as avaliações não sejam favoráveis, o mais importante é que os fundamentos das empresas são. É a primeira vez em 20 anos que o crédito IG oferece uma melhor rentabilidade do que a renda variável. Especificamente, os rendimentos do crédito investment grade global rondam os 5%, frente ao rendimento do S&P 500, que ronda os 4%.
“Esses rendimentos mais altos tornam mais provável que essa classe de ativos possa retomar seu papel como elemento diversificador dentro das carteiras multiativos após uma década de baixos rendimentos que limitaram essa capacidade”, explicam da gestora.
Do ponto de vista geográfico, os especialistas da Columbia Threadneedle Investments preveem nos EUA um crescimento de receita de 2% para este ano e de 3,4% para o próximo ano. Na Europa, também melhoram suas previsões de receita para este ano de 0% para +1,8% e para +2,4% no ano que vem.
Quanto aos setores, a gestora global destaca o de telecomunicações, diante do desdobramento definitivo da fibra óptica na Europa e dentro de um contexto de preços mais altos que impulsionam as margens; o setor de saúde, que está em fase de desalavancagem; o setor imobiliário, diante da abertura do mercado de operações corporativas que melhorarão o saldo de caixa e reduzirão a alavancagem dessas empresas; o setor de mídia, pelo seu bom posicionamento para aproveitar os benefícios da IA; e o setor industrial, beneficiado pelas tendências seculares de eletrificação e digitalização. A empresa se mostra mais cautelosa no setor de bens de consumo devido aos elevados custos de matérias-primas e à menor demanda dos consumidores.
Renda Variável: Small Caps
Nesse cenário, a gestora global apoia o investimento em renda variável, particularmente em small caps, o que implica que é muito provável que vejamos novas altas nos mercados acionários na segunda metade do ano. “Se olharmos para o que impulsionou os mercados nos últimos 18 meses, as empresas de grande capitalização obtiveram melhores resultados. No entanto, se olharmos para 2024 e 2025, acredito que seja muito possível, até mesmo provável, que testemunhemos uma ampliação do mercado”, pontua Davies.
A Columbia Threadneedle Investments sustenta que a maioria das empresas de grande capitalização se beneficiou das taxas de juros “irrisórias” em 2020, de modo que atualmente se observa nesse segmento de empresas uma dívida a um prazo bastante longo e taxas reduzidas. “Por essa razão, elas não são tão sensíveis às taxas de juros quanto as pessoas pensam”, pontua Melda Mergen, Global Head of Equities da Columbia Threadneedle Investments.
Nesse sentido, são as empresas de menor capitalização ou com dívida de curto prazo que constituem uma oportunidade de investimento dentro da renda variável. “Uma queda nas taxas representaria um alívio para essas empresas, por isso seria bem-vinda”, acrescenta Mergen.
A gestora global foca na Europa e em mercados emergentes, embora mantenha uma filosofia de “stock picking” para identificar os vencedores locais que exibem um notável desconto nesses mercados.