Um fundo de compra de carros exclusivos, também dedicado à compra, restauração e venda de carros clássicos, no formato evergreen. Essa é a ideia do Automobile Heritage Enhancement (AHE), a ser lançado no Brasil pelo grupo Azimut, uma das maiores gestoras independentes da Europa, com 95,1 bilhão de euros sob gestão.
A estratégia, que chegará ao país através de um feeder, é direcionada ao público de alta renda, presente entre a clientela da Azimut Wealth Management, braço de gestão de patrimônio do grupo no Brasil, que hoje administra R$ 11 bilhões.
Para ingressar no fundo, o investidor brasileiro precisa aportar no mínimo R$ 500 mil. A taxa total de administração é de 2%, considerando o feeder e o master, e há também uma taxa de performance do último, de 20%. A estrutura do fundo é aberta, e o regulamento determina que os investidores fiquem 24 meses no fundo para pedir o resgate, que será pago depois de 12 meses. Logo, são no mínimo 3 anos com o capital destinado ao fundo.
“A ideia é comprar e ficar com carros na carteira”, diz Stefano Del Papa, head de Latam Asset Management da Azimut, em conversa com a Funds Society, realizada em São Paulo. Ele explica que o fundo será dividido essencialmente em 3 categorias de carros, além de investimentos em restauração: “Será 30% em ‘hypercars’, como a Ferrari 499P, que ganhou a corrida Le Mans no ano passado; outros 30% em carros clássicos e históricos e outros 30% em renovação e estruturação de carros históricos”, diz. “E os últimos 10% serão focados em carros únicos, considerados como obras de arte”.
No momento, o fundo já está constituído com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), e a gestora está finalizando os contratos do fundo local com o administrador do fundo master em Luxemburgo, o Edmond de Rothschild Asset Management. O feeder entrar em operação antes do fim do mês, pronto para já receber alguns milhões de clientes locais, segundo Del Papa. ‘Já temos US$ 5 milhões de dólares que vão entrar no fundo local’, diz, explicando o por que da gestora italiana escolher o país para receber o primeiro feeder do AHE.
“O Brasil é um mercado onde estão muitos colecionadores. É um país com muito interesse em carros de coleção, além de ser um local com muitos investidores high net worth com esse perfil”, diz. A Azimut realizou um evento de pré-lançamento no AHE na loja oficial da Ferrari em São Paulo, e programa também um evento em Brasília, em junho, junto à embaixada italiana, para divulgar o fundo.
Parceria com a Ferrari, carros exclusivos e US$ 113 milhões AUM, até o momento
O AHE contém atualmente 11 carros, que em dezembro estavam avaliados em US$ 113 milhões, segundo um factsheet do fundo, que a Funds Society teve acesso. Segundo Del Papa, a precificação dos carros fica à cargo de um comitê de experts contratados pela gestora, além do auditor.
Lançado em abril do ano passado, o AHE havia rentabilizado 8% até o mês de dezembro. Atualmente, dos 11 carros, 10 são da Ferrari, com quem a Azimut forjou uma parceria para o fundo, incluindo acesso exclusivo a edições limitadas de automóveis da montadora, além de ‘mimos’ para os investidores, como passeios e encontros do grupo investidor na sede da montadora italiana, em Maranelo.
O portfólio atual do AHE inclui automóveis como a cobiçada Enzo Ferrari, que tem 399 exemplares no mundo; carros protótipos da Ferrari, como a 488 GT3 EVO 2020 e 488 GTE, vencedores de diversos campeonatos e corridas, e carros clássicos da marca, como a 250 Europa, que conta com apenas 17 exemplares no mundo, e a 330 GTS, com apenas 99 modelos produzidos. A única exceção até agora é um Pagani Zonda 760 RS. Segundo a Azimut, a intenção é comprar carros de outras marcas renomadas, como Alfa Romeo, Bugatti, Maserati, McLaren, Mercedes, Porsche, etc.
“Liquidez” para coleções
O AHE também abre uma possibilidade atrativa para famílias com grandes coleções de carros. “O fundo em Luxemburgo teve muito êxito, atraindo muitos colecionadores do mundo, pois o fundo europeu pode receber investimentos também via automóveis”, diz Del Papa.
Ele explica que para um colecionador fazer o aporte com os carros, precisa investir US$ 1 milhão. No caso de colecionadores do Brasil, o colecionador precisa investir US$ 1 milhão no fundo feeder, e depois aportar os carros diretamente no fundo de Luxemburgo.
“Muitos colecionadores no mundo têm grandes patrimônios em automóveis, com coleções de mais de US$ 200 milhões. Quando a família não quer mais essas coleções, é muito mais fácil aportarem seus carros no fundo. Afinal, fica mais fácil depois de dividir os títulos entre os familiares”, diz o head Latam. Segundo ele, o aporte dos carros é avaliado por um comitê de investimentos do fundo, que vai avaliar e precificar os automóveis.