Uma gigante de gestão de ativos está sendo criada na América Latina, agora que a chilena Compass anunciou a fusão de seus negócios com a brasileira Vinci Partners, especializada em alternativos, o que resultará em uma empresa com 50 bilhões de dólares em ativos sob gestão.
As controladoras da Compass assinaram acordo de fusão com a empresa Vinci Partners Investments, domiciliada nas Ilhas Cayman. O objetivo é combinar seus negócios e capacidades em ativos alternativos, private equity, produtos e soluções de investimento, instrumentos de oferta pública e consultoria corporativa.
O resultado, descrevem, as tornarão um “ator líder na região”, de acordo com a carta que enviaram ao órgão regulador Comissão do Mercado Financeiro (CMF).
Parte da transação, sujeita à aprovação dos reguladores relevantes, envolve a Compass Chile se tornando uma subsidiária de propriedade indireta da Vinci. Além disso, seus atuais acionistas passarão a ser acionistas da empresa brasileira. Os executivos seniores Manuel José Balbontin e Jaime de la Barra, em particular, farão parte do conselho de administração da empresa brasileira.
No fato relevante divulgado, o escritório chileno garantiu que a transação não contempla mudanças na estrutura funcional ou administrativa da gestora. Já na distribuição, uma das sucursais relevantes da Compass – onde distribuem grandes gestores internacionais, como a Wellington e a Ninety One – vai se manter inalterada, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
No entanto, esperam que a fusão – aconselhada pela Goldman Sachs e Morgan Stanley – seja concluída no terceiro trimestre de 2024, conforme detalhado num comunicado de imprensa.
Peso regional
O anúncio prevê um grande player para o cenário de investimentos na América Latina. Além disso, de acordo com as empresas, esta decisão criará “a maior porta de entrada para gestão de ativos alternativos” na região.
Esta fusão também expandirá a rede geográfica da Vinci para oito países, consolidando a sua presença regional, com o objetivo de se tornar uma plataforma para investidores locais, latino-americanos e globais.
Fundada em 1995, a Compass é uma das principais consultoras e gestoras de investimentos independentes da América Latina, com operações em sete países da região, além dos Estados Unidos e do Reino Unido. Ao todo, eles têm um AUM de 37 bilhões de dólares, com dois negócios principais: produtos e soluções de investimento e gestão de ativos na América Latina.
Assim, a empresa chilena soma 29 bilhões de dólares em AUM no seu negócio de distribuição de terceiros – conforme informado no seu portal institucional – com outros 7,2 bilhões de dólares na sua unidade de wealth management.
Esta transação, conforme destacado pela Vinci, está alinhada com o seu plano estratégico de crescimento para expandir a sua presença e se tornar o que descreve como “uma verdadeira plataforma pan-regional”. Assim, pretendem ampliar o alcance de distribuição das suas estratégias através da extensa plataforma da Compass.
Plano de crescimento
Por sua vez, o acordo permitirá à empresa chilena oferecer gestores de classe mundial e soluções de investimento globais e regionais a uma ampla base de clientes da Vinci no Brasil.
“Esta combinação com a Compass é um dos marcos mais significativos em nosso plano estratégico de crescimento de longo prazo, apresentado em nosso Investor Day, que nos permitirá expandir nossa presença na América Latina, um dos mercados mais atraentes para ativos alternativos”, declarou Alessandro Horta, CEO da Vinci Partners, no comunicado à imprensa.
Nesta linha, o executivo indicou que a operação fortalecerá o negócio combinado, “através de produtos complementares, cobertura geográfica mais ampla e uma base de contribuidores mais diversificada”.
Jaime Martí, sócio e CEO da Compass, por sua vez, também comemorou a decisão. “A combinação com a Vinci é o movimento complementar perfeito à medida que ganhamos acesso a uma gama diversificada de oportunidades alternativas de investimento no Brasil”, comentou.
O executivo acrescentou que vê “uma oportunidade significativa de crescimento” na América Latina e que a fusão lhes permitirá desenvolver novos produtos regionais e expandir sua base de produtos no Brasil através dos relacionamentos de distribuição da Vinci.