O aumento das alocações para mercados privados como resposta à evolução do mercado por parte dos gestores de patrimônio e consultores financeiros é uma tendência clara na indústria. De fato, segundo a pesquisa Global Investor Insights Survey (GIIS) da Schroders, mais da metade desses perfis profissionais estão investindo atualmente em mercados privados, e 20% adicionais esperam fazê-lo nos próximos dois anos.
Além disso, a pesquisa, que abrange 1.755 gestores de patrimônio e consultores financeiros globalmente, representando 12,1 trilhões de dólares em ativos, revela que o private equity (53%), as soluções multiactivos privados (47%) e a renda variável em infraestruturas renováveis (46%) são as três classes de ativos nos mercados privados nas quais os consultores e gestores de patrimônio esperam que seus clientes aumentem suas alocações nos próximos 1-2 anos.
Quanto à forma como esperam que mudem as alocações de seus clientes para as seguintes classes de ativos de mercados privados nos próximos 1-2 anos, dois terços dos gestores de patrimônio e consultores financeiros destacam que o potencial de obter retornos maiores em comparação com os mercados públicos é o principal benefício de investir em mercados privados para seus clientes. Isso foi seguido de perto pela possibilidade de alcançar diversificação por meio de diferentes impulsionadores de rentabilidade (62%). Além disso, em média, a maioria das alocações dos investidores para mercados privados representa entre 5%-10% ou 1%-5% da exposição total de suas carteiras.
Na opinião de Carla Bergareche, diretora Global de Gestão Patrimonial no Grupo de Clientes da Schroders, embora muitos gestores de patrimônio e consultores financeiros já estejam investindo em mercados privados em nome de seus clientes, o tamanho das alocações continua sendo significativamente inferior aos 20% ou mais observados nas carteiras de family offices e investidores institucionais.
“Essa lacuna representa uma oportunidade considerável para fortalecer o compromisso dos clientes com os mercados privados. Por isso, esperamos que esses mercados continuem desempenhando um papel crescente nas carteiras de investimento patrimonial, à medida que os investidores se tornam cada vez mais conscientes do potencial de obter retornos sólidos e diversificados”, explica Bergareche.
Acesso ao investimento
Outro dado relevante é que um pouco mais da metade dos gestores de patrimônio e consultores pesquisados indicaram que estão acessando oportunidades em mercados privados por meio de fundos cotados, seguidos de perto por fundos semilíquidos ou abertos de duração indefinida (51%). Apesar dessas oportunidades, a falta de liquidez é apontada como o principal desafio ao discutir os mercados privados com os clientes.
De acordo com a Schroders, como era de se esperar, 49% dos entrevistados afirmaram que uma maior educação financeira para os clientes ajudaria a impulsionar a demanda, seguidos de estruturas de produtos mais adequadas (42%) e valores mínimos de investimento mais baixos (42%).
“Não há dúvida de que o patrimônio privado desempenhará um papel muito significativo nos mercados privados no futuro. Até agora, as opções para que os gestores de patrimônio e consultores acessem esses mercados foram limitadas em comparação com seus homólogos institucionais, o que explica, apesar da intenção, que ainda vejamos alocações relativamente baixas”, afirma Tim Boole, diretor de Gestão de Produtos de Capital Privado na Schroders Capital.
No entanto, segundo sua experiência, o surgimento de novos veículos, como os fundos semilíquidos, está ampliando os pontos de acesso disponíveis e representou um avanço significativo ao oferecer maior flexibilidade aos investidores para alcançar seus objetivos financeiros por meio dos mercados privados. “Por isso, não é surpreendente ver que essas estruturas sejam favorecidas por esse segmento de clientes”, destaca Boole.
Transferência de riqueza
Além disso, a gestora destaca que a transferência de patrimônio foi apontada como uma prioridade para 59% dos gestores de patrimônio e consultores financeiros globalmente: na América do Norte, 66% consideram isso uma prioridade, em comparação com o Reino Unido (57%), Ásia-Pacífico (57%) e EMEA (58%).
O documento mostra que as discussões sobre transferência de patrimônio estão muito mais arraigadas nas Américas. Especificamente, a América Latina apresenta o maior nível de engajamento global, com 58% dos consultores afirmando ter tratado esse tema com mais de metade de seus clientes. Na EMEA e na Ásia-Pacífico, a participação é menor, com 43% e 46% dos consultores abordando esse tema com seus clientes, principalmente devido a sensibilidades culturais.