A indústria brasileira de fundos de investimento registrou uma captação líquida positiva de R$ 60,7 bilhões em 2024, revertendo dois anos consecutivos de resultados negativos, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O patrimônio líquido total do setor cresceu 10,1%, alcançando R$ 9,2 trilhões.
A recuperação foi impulsionada pela renda fixa, que apresentou uma captação líquida de R$ 243 bilhões, superando o déficit de R$ 58 bilhões de 2023.
Em contrapartida, os fundos multimercados enfrentaram resgates líquidos de R$ 356,7 bilhões, um aumento significativo em relação às saídas de R$ 180,9 bilhões no ano anterior. Fundos de ações também recuaram, com saldo negativo de R$ 10 bilhões, ante uma captação líquida positiva de R$ 3,3 bilhões em 2023.
“Apesar dos desafios enfrentados por algumas categorias, a retomada da captação líquida positiva depois de dois anos de resultados negativos é uma demonstração da solidez e da resiliência da nossa indústria de fundos”, declarou Pedro Rudge, diretor da Anbima.
Fundos de crédito privado em destaque
Os fundos de renda fixa com 50% a 70% de crédito privado em carteira lideraram a captação líquida entre janeiro e novembro de 2024, com entrada de R$ 113,3 bilhões. No total, os fundos com exposição a crédito privado registraram captação de R$ 323,1 bilhões no mesmo período.
O número de fundos dessa categoria cresceu 49% em relação a 2023, totalizando 2.070 produtos, que representam 12% do patrimônio líquido do setor.
Desempenho e rentabilidade
Fundos de dívida externa na categoria de renda fixa obtiveram a maior rentabilidade anual, com 29,1%, superando o CDI de 10,8%. Já os fundos de duration alta soberano tiveram o pior desempenho, com 3%.
Nos fundos de ações, o único resultado positivo veio de produtos focados em investimentos no exterior, com 2,6%. O pior desempenho foi das small caps, com perdas de 22%.
Adaptação à Resolução 175
Outro marco de 2024 foi a adaptação à Resolução 175 da CVM. Até dezembro, 4.926 fundos se ajustaram às novas normas, enquanto 4.277 foram criados já em conformidade. Aproximadamente 29% do total de fundos já aderiram às novas regras, representando R$ 2,1 trilhões em patrimônio líquido.
Entre os fundos adaptados, 65% declararam adesão à responsabilidade limitada do cotista, e 61% autorizaram investimentos no exterior. O prazo para adequação às normas termina em junho de 2025.
A expectativa para 2025, segundo Rudge, é que os fundos de renda fixa continuem impulsionando os resultados do setor, considerando o cenário de alta na taxa Selic.