O escândalo em torno do fundo Capital Estruturado I continua fazendo eco nos escritórios da gigante financeira chilena LarrainVial, cuja filial LarrainVial Activos AGF (LVA) criou a estratégia. Enquanto as investigações, queixas e formalizações seguem seu curso, a gestora especializada em investimentos alternativos anunciou um plano de reparação – embora enfatize, de maneira enfática, que não participou das irregularidades – para os investidores não institucionais do veículo. Além disso, renovaram sua liderança, com mudanças na gerência geral e no conselho.
O Ministério Público e a Comissão para o Mercado Financeiro (CMF) estão de olho na empresa depois que alguns aspectos sobre como o veículo foi gerido e estruturado foram colocados em dúvida. A estratégia – limitada a investidores qualificados – foi criada com o objetivo de pagar as dívidas de Antonio Jalaff e transformá-las em uma participação indireta no renomado conglomerado imobiliário Grupo Patio.
Na LarrainVial, destacam que não participaram das irregularidades no fundo. Em uma carta recente ao regulador, a LVA destacou que foram as ações da corretora STF Capital – uma firma no centro de uma investigação criminal em andamento –, suas pessoas vinculadas e outros terceiros que afetaram os investidores do veículo.
Ainda assim, esta semana, anunciaram um plano de reparação. “Sem prejuízo de que LarrainVial não teve nenhuma participação nessas irregularidades cometidas pela STF e outros terceiros, e zelando pelos investidores que foram enganados ao investir no fundo pela STF, o conselho de administração, por unanimidade, decidiu ativar um programa reparatório de compra de cotas da série B”, disse a gestora em seu fato relevante.
Apontando para os não institucionais
Embora não tenham detalhado o valor nem as condições desse programa, anteciparam que a iniciativa será voltada para os investidores não institucionais afetados pela situação. No entanto, o programa excluirá as pessoas ligadas à administração e à propriedade da STF, “por estarem atualmente sob investigação”.
O alcance desse plano de reparação, acrescentaram, poderá ser medido quando tiverem as informações sobre as cotas por parte das corretoras e custodiante responsáveis. Nos próximos dias, fornecerão mais detalhes sobre o programa.
Em um comunicado posterior, a gestora acrescentou que está tomando “todas as ações civis e penais cabíveis contra os senhores Antonio Jalaff Sanz, Álvaro Jalaff Sanz (irmãos envolvidos na crise do factoring Factop), Luis Flores Cuevas (gerente geral da STF Capital), Cristián Menichetti Pilasi, Daniel Sauer Adlerstein, além da STF, seus diretores, acionistas e/ou executivos, e contra todos aqueles que forem responsáveis pelos danos causados ao fundo e seus investidores.”
Mudanças na cúpula
O programa de compra de cotas não é o único anúncio da LVA esta semana. A empresa informou ao mercado a renúncia de Andrés Bulnes, Sebastián Cereceda, Andrea Larraín, José Correa e Jaime Oliveira ao seu conselho de administração, além da saída de Claudio Yáñez da gerência geral.
“As pessoas mencionadas tomaram a decisão de renunciar aos respectivos cargos, com a finalidade de se dedicar à sua defesa diante da solicitação de formalização por parte do Ministério Público”, afirmou a LVA em seu fato relevante. A gestora acrescentou em seu comunicado de imprensa que a decisão também visa “facilitar a continuidade operacional da administradora.”
Em seus lugares, foram escolhidos José Miguel Barros, Aníbal Larraín – que renunciou ao conselho da LarrainVial Asset Management –, Francisco Valdivia, Patricio Prieto e Gustavo Price como diretores, sendo o primeiro o presidente. O novo gerente geral é Juan Pablo Flores.
De qualquer forma, a LVA enfatizou a “total inocência” dos profissionais que saíram de sua cúpula, destacando que eles continuarão exercendo suas funções habituais em outras áreas da LarrainVial. “Andrés Bulnes Muzard como sócio e gerente de distribuição de produtos para terceiros; Sebastián Cereceda como sócio e gerente de finanças corporativas; Andrea Larraín como sócia e gerente de gestão e planejamento; José Correa como gerente geral da Activa Private Debt; e Jaime Oliveira como gerente imobiliário; enquanto Claudio Yáñez assumirá a gerência de distribuição”, detalhou.