Somando fideicomissos financeiros (FF) e obrigações negociáveis (ON), o total de emissões no mercado de capitais argentino entre janeiro e outubro de 2024 alcançou aproximadamente 10,23 bilhões de dólares (medidos em dólar CCL), o maior valor desde 2015, de acordo com um relatório da PwC.
Outubro foi o mês com o maior volume de emissões de dívida corporativa desde 2015, tanto em quantidade quanto em valores nominais, captando um total de 231,581 bilhões de pesos argentinos* e 2,284 bilhões de dólares, distribuídos em 16 fideicomissos financeiros e 45 obrigações negociáveis. Essas informações fazem parte da 39ª edição do relatório Mercado de Capitais da PwC Argentina.
O relatório aponta que as emissões de obrigações negociáveis totalizaram 2,3 trilhões de pesos argentinos, representando um aumento de 193% em termos reais, com um incremento de 96% no volume em comparação com outubro de 2023.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das emissões em dólares, que totalizaram 29 operações, somando 2,275 bilhões de dólares. O movimento foi fortemente beneficiado pelo ingresso de capitais provenientes da regularização de ativos (blanqueo), com parte desses recursos sendo direcionada ao mercado de capitais para aproveitar os benefícios previstos na norma para investimentos em títulos valores.
Aumento da demanda por instrumentos “Hard Dollar”
“O aumento da demanda por instrumentos Hard Dollar gerou uma queda nas taxas de juros e, ao mesmo tempo, uma ampliação dos prazos (durations) para esses ativos, o que foi aproveitado pelas empresas que buscaram captar esses recursos. Isso demonstra que estar preparado para aproveitar essas janelas de liquidez é sempre vantajoso”, comentou Juan Tripier, diretor da prática de Deals da PwC Argentina.
Segmento de fideicomissos financeiros em pesos segue ativo
O relatório da PwC Argentina também destaca que o segmento em pesos continua dinâmico, especialmente no caso dos fideicomissos financeiros (FF). Esse movimento foi impulsionado por taxas de juros que já estão em níveis reais positivos há meses e pela redução da diferença entre o câmbio oficial e paralelo (brecha cambiaria). Em outubro, foram registradas 16 operações de FF, totalizando 186,727 bilhões de pesos argentinos, o que representa um aumento de 307% em termos reais e de 129% em volume.
Indicador Crédito Privado Bancário/PIB
O relatório também aborda a evolução do indicador Crédito Privado Bancário/PIB, considerado um termômetro do nível de atividade econômica e da penetração do crédito nas empresas. Em outubro de 2024, de acordo com o Banco Central da República Argentina (BCRA), o indicador estava em 7,1%, comparado a 6,1% em dezembro de 2023. Observa-se um aumento gradual no nível de crédito, com expectativa de que essa tendência continue, gerando um efeito dinamizador na economia.
As economias precisam de crédito para crescer. Como referência, dados do Banco Mundial mostram que o indicador Crédito Privado Total/PIB é de quase 200% nos Estados Unidos, 110% no Chile e 72% no Brasil. Assim, há um grande potencial de crescimento para a Argentina.
*Em 4 de dezembro de 2024, um dólar valia 1.012,31 pesos argentinos.