A Principal Claritas, braço da multinacional de gestão de recursos Principal Financial Group no Brasil, está em processo de reformulação, visando maior integração de suas operações na América Latina.
A partir de 2025, a empresa passará a se chamar Principal Asset Management, marcando uma nova fase de sua atuação no país, no México e no Chile, conta Ernesto Leme, Managing Director, em entrevista a Funds Society.
“A Claritas foi um veículo importantíssimo para chegarmos até aqui”, conta Leme, presente na gestora desde 2008. Ela foi comprada pela Principal em 2016, e é uma das poucas assets independentes com mais de 25 anos em operação no país.
“Mas o veículo que nos vai fazer chegar onde queremos chegar, a nível local, e também a nível de América Latina, é esse”, diz, sobre a Principal Asset Management.
“Queremos também aprimorar o brand. Quem é a Principal? Queremos ser mais conhecidos como marca.”
Consolidação regional
Para ele, a mudança reflete não apenas uma reestruturação da marca, mas uma estratégia de consolidação regional e ampliação do portfólio de soluções customizadas para investidores institucionais e individuais. A gestora já atua regionalmente, e a intenção é focar nessa especialidade.
“Nós somos o player de equities e renda fixa regional, e além disso fazemos imobiliário, alocação de ativos e multimercados e alternativos”, afirma o diretor.
O movimento vem após Pablo Sprenger assumir como vice-presidente executivo da Principal América Latina, liderando os times desses três países. A ideia é criar sinergias e aproveitar a expertise global da Principal para expandir sua atuação em mercados-chave da América Latina”, diz Leme.
‘Vendemos soluções, não apenas produtos’
O diretor afirma que o foco da operação é nos serviços, que podem ser customizados em nível global, devido a toda operação robusta da Principal, com seus 145 anos de existência e mais de US$ 741 bilhões sob gestão.
“O investidor lá fora está indo pro mercado de ETFs, onde você tem um custo baixíssimo. Hoje, você tem que vir como provedor de inteligência ou de solução”, diz. “É a compreensão que a demanda parte do cliente, e não do produto”. No Brasil, a Principal tem uma estrutura de gestão, focada em gestão de equities, macro e crédito, além da distribuição de seus fundos globais.
Os fundos de pensão, seguradoras e RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), classificados como municipalities internamente, são o principal bolso da asset, com quase 80% dos quase R$ 7 bi sob gestão. O resto está no público wealth.
Segundo Leme, o diferencial da Principal Asset Management, em nível regional, é poder oferecer “a única companhia americana com presença física nos três maiores países da América Latina”.
“Temos presença física mesmo, não escritório de representação. Temos traders nos três locais”, pontua. A gestora também atua em fundos taylor-made, usualmente vindo de mandatos específicos de fundos de pensão. “Um player brasileiro quer um fundo de equities global, com restrições específicas. Nós conseguimos atendê-lo”, diz.
Futuro é nos alternativos; gestora quer lançar produtos Bonds latinos
Em relação à demanda, o diretor da gestora acredita que o caminho deverá ser via produtos alternativos.
“Vemos lá na frente manutenção da taxa de juros em alto patamar. O ativo que vemos ter demanda, daqui para a frente, é crédito”, diz. Ele espera ver maior posicionamento da indústria de fundos nos alternativos.
Uma das ideias, já num pipeline, é criar um produto de compra de bonds nos três países. “Pretendemos lançar um produto de renda fixa Latam, usando a expertise de cada operação”, diz.
“O investidor institucional caminha cada vez mais para uma alocação em investimentos alternativos, como acontece com esses players lá fora. Mesmo os endowments. Essa tendência é inexorável. E o competidor é a taxa Selic”, diz.
México: previdência corporativa; Chile: foco no wealth
No México, onde a Principal tem o 5º maior Afore do país, o Afore Principal, a operação será direcionada para planos de previdência exclusivos para empresas, conhecido como o seguimento corporate.
“O business é fazer plano exclusivo de previdência para as empresas. É feito e gerido pela Principal, de acordo com os guidelines das empresas”, diz Leme, vislumbrando uma sinergia entre o Brasil e o México para a operação.
“A solução que temos para clientes no México, que é muito mais desenvolvido em termos de produtos financeiros, posso oferecer aqui no Brasil. Por que não fazemos por aqui, em nível regional?”, diz.
No braço chileno, a operação é voltada, principalmente, ao público wealth, com a estrutura de uma asset local. Por lá, clientes com um patrimônio a partir de US$ 500 mil já acessam a gestora.
A Principal também detém a Cuprum, a segunda maior AFP (Administradora de Fundos de Pensão) do país.
“Estamos com uma value proposition regional. A ideia é alavancar o que temos de melhor de serviços na região para os outros”, finaliza.