Fazer aportes em fundos no exterior, obter uma permissão de residência ou mesmo de cidadania no país que recebeu o investimento já é uma realidade para brasileiros de alta renda.
Essa é a proposta da Henley & Partners, empresa de “investment migration”, que começou a operar no país neste ano. O escritório nacional é liderado por Bruno Cury, Private Client Advisor da Henley & Partners no Brasil. Cury é ex-advisor de crédito no Santander Private Banking Banking, com passagens pelo Itaú BBA e Deloitte.
“Os brasileiros têm uma ótica de migração muito baseada na parte fiscal, mas cada vez mais percebemos que esse público tem olhado para a questão da instabilidade política, econômica e buscado mais qualidade de vida fora do país”, diz Cury. Ele conta que o Brasil faz parte de uma recente expansão da empresa, que na América Latina também abriu operações no México e no Panamá no ano passado.
Hoje, com mais de 55 escritórios em nível global e operando há 25 anos no setor de migração por investimentos, a H&P traz um grande portfólio de opções ao investidor brasileiro, incluindo EUA, Portugal, Espanha, Malta, Uruguai e Itália, para citar os destinos mais procurados no país.
‘Agregamos valor aos family offices’
A empresa trabalha lado a lado com os family offices, fazendo parcerias com essas casas, a fim de complementar o trabalho no atendimento aos clientes.
“O objetivo da Henley & Partners é trabalhar em conjunto com esses parceiros para agregar valor na oferta deles. Se um cliente chega para eles e fala ‘eu gostaria de olhar uma possibilidade de ter uma residência ou cidadania em outro país’, é aí que entramos”, afirma Cury.
Como o foco é na pessoa física, a empresa opera junto a outros intermediários, como private banks e escritórios de advocacia, explica o responsável pelo escritório brasileiro.
Ele diz que o trabalho está muito relacionado com a área de wealth planning, presente nas gestoras de patrimônio.
“Quando o cliente pensa em residir ou morar fora, com uma saída fiscal do país ou não, ele precisa saber para qual jurisdição vai. Então mostramos como ele consegue essa residência ou cidadania e quais são os investimentos possíveis.”
Mais de 40 programas disponíveis no mundo
As dezenas de programas oferecidos podem ser direcionados à cidadania ou à residência, com diversos caminhos para o investidor, desde investimentos em fundos de ações, compra de imóveis, contribuições para o governo e até depósitos bancários.
“Um país que tem se destacado na oferta de programas é a Espanha, conta Cury. Por lá, uma das possibilidades é o investimento de 500 mil euros em um imóvel. Com o visto de residência, o investidor precisa de apenas 2 anos para ser elegível para aplicar para a cidadania.”
“Imagine uma família. O pai quer mandar o filho estudar na Espanha. Ele pode enviar o filho, adquirir a residência e, ao final do curso, o filho terá um passaporte europeu, e ele terá um imóvel em seu nome. É uma ótima estratégia”, diz.
No entanto, os planos podem mudar em breve, com uma discussão no Parlamento espanhol que pode encerrar esse programa. Algo semelhante ocorreu em Portugal, onde a rota de investimento em imóveis foi recentemente encerrada.
“Mas ainda há a possibilidade de uma contribuição de 250 mil euros para o patrimônio cultural do país ou, com um pouco mais, investir em fundos que aplicam na infraestrutura do país”, diz, ressaltando que o período para aplicação à cidadania é mais longo, em torno de cinco anos.
Como a H&P tem uma rede global, o cliente que adere ao programa pode ser atendido no destino de interesse, com a operação brasileira coordenando o processo e enviando os documentos para o escritório local.
Na Itália, outro destino europeu buscado pelos brasileiros, é necessário adquirir uma ação na bolsa italiana, com valor mínimo de 500 mil euros, ou comprar 2 milhões de euros em bonds.
Próxima dali, há também a ilha de Malta, uma das opções mais rápidas, embora custosa. “É feita uma contribuição a partir de 600 mil euros para o governo. Além disso, é necessário alugar ou comprar um imóvel no país”, diz Cury. Segundo ele, em até 18 meses é possível obter a cidadania.
Outros destinos fora da Europa também têm sido procurados, como o Uruguai. Lá, o principal atrativo é a isenção de impostos sobre rendimentos no exterior. “O programa permite que, após obter a residência fiscal, o investidor tenha 10 anos de isenção tributária sobre rendimentos gerados fora do país”, explica Cury.
Nos EUA, existe outra opção, entre as mais caras: “São US$ 800 mil, no programa EB-5”. O programa, voltado a investidores estrangeiros, oferece um green card para quem realiza um investimento qualificado em negócios americanos, com o objetivo de estimular a economia e gerar empregos.