As mulheres de todas as idades, a Geração Z e os Millennials (entre 25 e 34 anos) impulsionaram o crescimento dos investidores em toda a Europa nos últimos 12 meses, segundo os últimos dados elaborados pela YouGov, encomendados pela BlackRock, e publicados na Pesquisa BlackRock People & Money 2024. Os dados mostram um aumento anual de 11% no número de mulheres investidoras (29% das mulheres investirão em 2024), em comparação com um crescimento de 4% entre os homens no mesmo período (47% dos homens investirão em 2024).
Essa não é a única conclusão relevante. De acordo com a pesquisa, já que os homens foram tradicionalmente mais propensos a investir, isso é um sinal claro de que o investimento está se abrindo para mais setores da sociedade. Embora as mulheres representem o grupo demográfico cujas aplicações crescem mais rapidamente, ainda há trabalho a ser feito para alcançar a paridade de gênero. O estudo também mostra um aumento anual significativo em alguns grupos etários, com um incremento de 13% na atividade de investimento entre pessoas de 25 a 34 anos.
«Os investimentos familiares na Europa aumentaram drasticamente desde 2020, impulsionados por uma combinação de fatores, incluindo a redução das barreiras de acesso aos investimentos por meio de canais digitais, tanto em novas plataformas quanto em bancos tradicionais. Os europeus ainda enfrentam desafios financeiros, como a falta de poupança suficiente para a aposentadoria. Até 2022, as baixas taxas de juros e, recentemente, as taxas mais altas juntamente com a inflação elevada penalizaram quem guarda dinheiro em espécie. Em conjunto, essas tendências levaram milhões de europeus a recorrer aos mercados de capitais para garantir um futuro financeiro melhor a longo prazo, e o número de participantes continua a crescer”, aponta Timo Toenges, responsável pelo canal digital para o negócio de Wealth na EMEA da BlackRock.
Principais tendências
Segundo a pesquisa, agora há mais europeus que investem e que pretendem investir nos próximos 12 meses. Desde 2023, a pesquisa indica que surgiram 11 milhões de novos investidores na Europa. 34% dos europeus terão investimentos em 2024, o que representa um crescimento relativo de 11% em relação a 2023. «Vemos três fases de investimento na Europa. Nos países nórdicos, a participação no investimento é elevada: uma em cada duas pessoas investe. O Reino Unido registrou o maior aumento anual, com um crescimento de 21% (de 30% em 2022 para 36% em 2024), o que equivale a 3,5 milhões de novos investidores. Alemanha e Suíça continuam sendo mercados de investimento estabelecidos e importantes na Europa, com mais de um em cada três investidores na Alemanha. Este país também teve um crescimento significativo desde 2022, com 3,2 milhões de novos investidores (14%). O Sul da Europa ainda tem espaço para crescimento, com uma penetração de investimento de 28% tanto na Espanha quanto em Portugal, bem como de 29% na França e na Itália», indicam.
Outra tendência-chave é o papel das plataformas digitais no acesso ao investimento. Conforme mostra a pesquisa, a grande maioria da Geração Z e dos Millennials que possuem ETFs utilizam plataformas digitais, seja uma plataforma de investimento online/corretora ou a plataforma de investimento online do banco ou um Robo Advisor, para investir em ETFs (80% dos jovens entre 18 e 34 anos). Em relação às opções digitais de investimento em ETFs, as pessoas entre 18 e 34 anos têm uma preferência significativamente maior por investir por meio de uma plataforma de investimento digital ou corretora do que seus pares mais velhos (56% em comparação com 37% entre aqueles com mais de 35 anos). Pessoas com mais de 35 anos também investem por canais digitais, embora sejam mais propensas a investir em ETFs através da plataforma de investimento de seu banco do que os usuários mais jovens (40% contra 32% entre 18 e 34 anos).
Independentemente da idade, em toda a Europa as plataformas de investimento digital dominam claramente: 44% dos europeus que possuem ETFs preferem acessá-los por meio de uma plataforma de investimento digital ou um intermediário, 37% através da plataforma de investimento digital de seu banco e 13% via Robo Advisor. Apenas 21% indicaram que prefeririam falar com um consultor de seu banco e 13% recorrer a um consultor financeiro independente (IFA, na sigla em inglês).
Surgem algumas tendências geográficas claras. A preferência por plataformas digitais é maior em alguns mercados do norte da Europa: 70% dos investidores em ETFs no Reino Unido as utilizam, 62% nos Países Baixos e 69% na Dinamarca. Nos mercados com maior penetração de ETFs, como a Alemanha, onde 43% dos investidores possuem ETFs, e a Suíça, onde 45% possuem ETFs, os investidores em ETFs preferem usar a plataforma de investimento digital de seu banco.
Nos mercados com menores taxas de participação no investimento em ETFs, como França (8%), Itália (15%) e Espanha (13%), uma proporção significativa de investidores em ETFs prefere consultar um assessor em seu banco (48%, 36% e 31%, respectivamente). De fato, ao considerar qualquer método “presencial” para contratar ETFs (reunião com um assessor em um banco ou com um consultor financeiro independente), a França ocupa o primeiro lugar, com 60% das pessoas preferindo fazer isso presencialmente, em comparação com 31% em toda a Europa.
Investir através de fundos
A maioria (51%) dos investidores utiliza fundos, incluindo fundos de investimento e ETFs, para acessar investimentos na Europa. As ações e participações continuam sendo a opção de investimento mais utilizada pelos investidores europeus (55%), com um aumento de 6% no número de investidores de 2022 a 2024. Um em cada cinco (20%) investidores europeus possui agora um ETF, com níveis de crescimento que equivalem a 3,7 milhões de novos investidores em ETFs em comparação com 2022. De fato, os ETFs foram o investimento de crescimento mais rápido pesquisado, com um aumento de 19% desde a pesquisa anterior. Além disso, as mulheres foram as que mais contribuíram para esse crescimento (37% contra 13% dos homens). Investidores mais jovens (de 18 a 34 anos) têm muito mais probabilidade de possuir um ETF (24%) do que os maiores de 35 anos (19%).
Questões de mercado
O investimento em títulos foi uma das categorias de investimento pesquisadas que mais cresceu (8%) em comparação com 2022. Quase um em cada cinco investidores na Europa possui títulos do governo ou títulos corporativos (17%). Isso reflete o ambiente de maior rendimento do último ano. Pela primeira vez desde 2007, mais de 80% dos setores de renda fixa estão rendendo acima de 4%. Essa demanda por títulos também mostra a crescente sofisticação dos investidores particulares ao reconhecer o impacto das taxas de juros e entender como acessar investimentos em títulos.
Por fim, segundo a pesquisa, estamos assistindo a uma mudança em direção às criptomoedas na Europa, pois pouco mais de um em cada cinco investidores afirmou ter investido em criptomoedas (22%). O crescimento da posse de criptomoedas foi mais acentuado entre as mulheres, com um aumento anual de 18% (comparado a 4% entre os homens). Entre os principais mercados de posse de criptomoedas estão Portugal, onde 43% dos entrevistados investem em criptomoedas (o segundo investimento mais popular depois das ações), bem como os Países Baixos (40%) e a Suíça (34%).