De acordo com a 13ª edição do Relatório Anual de Seguros Globais da BlackRock, as seguradoras na América Latina estão ampliando suas alocações em investimentos de mercados privados, seguindo uma tendência global que visa diversificação e retornos mais robustos.
Entre os 410 executivos seniores de seguradoras entrevistados em 32 mercados, 40 eram da América Latina, marcando um ponto de destaque na representação regional. Esses executivos gerenciam mais de US$ 27 trilhões em ativos globalmente, o que reflete a importância estratégica desse grupo.
Segundo a pesquisa, 93% das seguradoras na América Latina planejam aumentar suas alocações em mercados privados nos próximos dois anos, um percentual acima da média global de 91%. O relatório revelou duas áreas de destaque na região: o crescimento das alocações em infraestrutura e a ênfase em crédito privado por meio de empréstimos diretos.
“Há uma crescente demanda por capital em infraestrutura, com 45% das seguradoras da América Latina planejando aumentar suas alocações nesse setor”, afirmou Federico Moncaleano, Head de Distribuição e Estratégia para a América Latina da BlackRock, em entrevista para a Funds Society sobre o relatório.
O executivo destacou que infraestrutura é uma oportunidade de investimento geracional, impulsionada por forças estruturais como a transição para uma economia de baixo carbono, a crescente urbanização e a digitalização, além das pressões por segurança energética.
Além de infraestrutura, o relatório também apontou a importância do crédito privado na estratégia das seguradoras. Cerca de 43% das seguradoras da América Latina indicaram intenção de aumentar as alocações em crédito privado por meio de empréstimos diretos.
“Isso reflete uma busca por diversificação e oportunidades de retorno atrativas, acompanhada pela prioridade das seguradoras na América Latina em estratégias para lidar com a volatilidade das taxas de juros”, comentou Moncaleano.
Cenário no Brasil
No Brasil, a tendência segue alinhada com a América Latina, com uma demanda crescente por investimentos em infraestrutura e crédito privado. Em nível global, 45% das seguradoras latino-americanas mostraram intenção de aumentar suas alocações para infraestrutura, acima da média global de 30%. O crédito privado também continua ganhando relevância, com 43% das seguradoras regionais planejando expandir as alocações nesse segmento.
A BlackRock enfatizou que infraestrutura é um setor promissor para seguradoras brasileiras, tanto no âmbito doméstico quanto internacional, principalmente devido ao perfil de risco atrativo e previsibilidade de fluxo de caixa de longo prazo.
“A colaboração entre governos e capital privado será fundamental para aproveitar essas oportunidades e superar os desafios estruturais enfrentados atualmente”, diz Moncaleano.
A BlackRock destacou ainda a importância de parcerias para o sucesso na construção de portfólios e na avaliação de riscos. A pesquisa revelou que 40% dos entrevistados consideram essencial ter um parceiro de investimento que entenda tanto o negócio de seguros quanto seu modelo operacional.
Avanços tecnológicos e a visão para 2024
O relatório também destacou o uso crescente de tecnologia no setor, especialmente na modelagem de ativos privados e na integração de capital regulatório.
Globalmente, 53% das seguradoras acreditam que a tecnologia pode agregar valor à modelagem de ativos privados em um portfólio multiativos, enquanto 51% veem a integração de capital regulatório como um foco crucial para otimizar processos, o que é particularmente relevante para o Brasil, dada a complexidade regulatória.
A pesquisa da BlackRock indica que 2024 será um ano marcado pela ampliação das alocações em mercados privados, com destaque para infraestrutura e crédito privado.
A crescente incerteza política e os riscos macroeconômicos, como a volatilidade das taxas de juros e as tensões geopolíticas, estão entre as principais preocupações das seguradoras na região.
Por outro lado, o mercado de seguros na América Latina, em especial no Brasil, está mostrando um amadurecimento estratégico na diversificação de portfólios, impulsionado por parcerias e um uso mais intensivo de tecnologias emergentes.