Pouco mais de quatro anos após a reforma constitucional que autorizou a primeira retirada parcial dos fundos de pensões no Chile, o efeito ainda se faz sentir nas carteiras de poupança-reforma. Tal como alerta a Associação dos Administradores de Fundos de Pensões (AAFP), os fundos de pensões continuam abaixo dos níveis que tinham em julho de 2020, quando a alteração constitucional começou a vigorar.
No final daquele mês, a AFP administrava recursos de 214 trilhões de pesos chilenos (227 bilhões de dólares), informaram em comunicado. Desde então, o sistema não conseguiu voltar a esse valor em nenhum mês.
Além disso, julho de 2024 terminou com um AUM acumulado de 177,5 bilhões de pesos (188 bilhões de dólares), o que é 17% abaixo do nível que as carteiras de pensões tinham há quatro anos, segundo estudo do centro de estudos Ciedess.
Nessa linha, a entidade –criada pela Câmara Chilena de Construção (CChC), uma das controladoras da AFP Habitat– indicou que o valor atual dos fundos de pensão equivale a 82,8% do que era acumulado antes dos saques.
A deterioração regista-se também ao nível da proporção com a economia em geral. Os números do Ciedess mostram que os recursos geridos pelas AFP representavam 83% do PIB do Chile em julho de 2020, enquanto quatro anos depois o número era de 62%. Isto representa uma queda de 21 pontos percentuais em relação ao PIB local.
Ao todo, os três levantamentos de fundos de pensões significaram a mobilização de 44 bilhões de dólares, segundo os últimos dados da Superintendência de Pensões, num total de 28,8 milhões de operações de pagamento.
Desde que a terceira janela de resgate foi aberta em 2021, houve algumas tentativas de fazer outro saque. Na semana passada, a Comissão de Constituição da Câmara dos Deputados do Chile rejeitou em geral as novas moções parlamentares que propõem novos resgates. Isto se somou às outras três propostas de retirada rejeitadas pelo Congresso chileno.
“É importante deixar claro que a única forma de recuperar os saques efetuados nos fundos de pensão administrados pelas AFPs é restaurando ou reintegrando tais recursos e agregando a rentabilidade que teriam obtido desde o momento de cada saque até o momento atual. Como sabemos, isso não aconteceu, por isso não houve essa recuperação no valor dos recursos”, explicou Rodrigo Gutiérrez, gerente geral do Ciedess, no comunicado.
Nesta linha, o executivo indicou que, “embora no terceiro levantamento tenha sido incorporada a variante de uma contribuição adicional para este efeito, na prática a sua aplicação tem sido quase nula, não tendo por isso sido gerado tal efeito”.