No final de maio, a SEC aprovou os ETFs de ethereum à vista, seguindo o exemplo do que fez com o bitcoin em janeiro deste ano. No entanto, apenas na última semana ocorreram os primeiros lançamentos de produtos. O motivo? Faltava a aprovação da SEC para os formulários S-1 dos gestores que queriam lançar veículos desse tipo.
“A SEC já havia aprovado os formulários 19b-4 para permitir que as bolsas listassem os ETFs de ethereum à vista em maio, e a aprovação das aplicações S-1 foi o passo final para o lançamento dos ETFs à vista para os investidores. Os detalhes sobre cada ETF de ethereum à vista dos emissores também estão disponíveis em seus respectivos sites, o que reforça a iminência de seu lançamento”, explica Simon Peters, analista especializado em criptoativos da plataforma de investimentos e trading eToro.
Quando os ETFs de bitcoin à vista foram aprovados e lançados, observou-se uma “guerra” de comissões. Essa mesma tendência está começando a ser detectada nos primeiros quatro dias dos ETFs de ethereum à vista. Segundo o analista de ETFs da Bloomberg, James Seyffart, sete das 10 aplicações têm isenções de taxas inicialmente, enquanto cinco têm uma taxa inicial de 0%.
“O ETF ETHE da Grayscale tem a taxa de gestão mais alta de todas as aplicações de ETFs de ethereum à vista, com 2,5%, o que levou alguns analistas a especularem que veremos saídas significativas desse ETF, com os investidores migrando para os ETFs de taxas mais baixas, como vimos com o ETF de bitcoin à vista da Grayscale, GBTC. No entanto, o Grayscale Ethereum Mini Trust, um derivado do fundo de investimento ETHE, terá uma taxa de gestão de 0,15%, sendo atualmente o ETF com a taxa mais baixa após as isenções”, aponta Peters.
Como destaca Omar Larré, CFO da Fintual, BlackRock e Fidelity estabeleceram uma taxa de administração de 0,25% para seus produtos. “BlackRock oferecerá uma redução durante os primeiros 12 meses ou até atingir 2,5 bilhões de dólares em ativos, enquanto Fidelity isentará a taxa até o final do ano, sem limite de ativos”, detalha.
As outras empresas especializadas em criptomoedas também anunciaram suas comissões: 21Shares cobrará 0,21%, Bitwise 0,20%, ambas com incentivos adicionais, e Franklin Templeton propôs uma comissão de 0,19%. “Essas comissões competitivas refletem os esforços dos emissores para captar investidores no novo mercado de ETFs de ethereum à vista”, afirma Larré.
Transformação da indústria
Apesar da notícia positiva do lançamento de um ETF de ethereum à vista, o ethereum caiu 2,6% em relação ao bitcoin na semana passada. Veremos se o ethereum pode superar seus pares nas próximas semanas, uma vez que os ETFs sejam lançados e comecem a atrair novos investimentos.
No entanto, as perspectivas são positivas. Segundo explica Mireya Fernández, Country Lead do Sul da Europa e MENA da Bitpanda, o ETF de Ethereum, assim como o de Bitcoin, fará com que mais capital institucional flua para o ethereum, o que, em última análise, poderá reduzir a volatilidade e favorecer ainda mais seu preço.
“De certo modo, esta aprovação representa uma decisão histórica porque demonstra que a aprovação do ETF de bitcoin não foi um fato isolado. O setor está no início de uma jornada muito emocionante que pode ir além do Bitcoin e Ethereum. Essa decisão não terá um impacto direto nos investidores europeus, pois esses ETFs estarão disponíveis apenas nos Estados Unidos. No entanto, essa nova situação terá um grande impacto ao permitir uma maior adoção dessa classe de ativos por parte dos investidores institucionais. Ao fluir mais capital de investidores institucionais para os ativos digitais, será gerada uma maior estabilidade, positiva a longo prazo para a demanda”, conclui Fernández.
Na opinião de Nathan Gauvin, CEO da Gray Digital, plataforma de gestão de patrimônio, a aprovação de ambos os produtos pela SEC terá um efeito transformador para a indústria. “Em primeiro lugar, significa uma maior acessibilidade para os investidores institucionais que anteriormente estavam limitados por problemas de conformidade e uma garantia regulatória, já que o produto financeiro oferece supervisão que a compra/armazenamento de tokens individuais não possui”, afirma Gauvin.
A esses motivos, ele acrescenta mais dois: “Permite diversificar o portfólio, já que uma alocação de 5% de um fundo em ETFs de bitcoin/ethereum proporciona uma exposição que os títulos/ações tradicionais não podem oferecer. E demonstra a maturidade do mercado, consolidando o espaço dos ativos digitais em um âmbito de investimento mais maduro e credível, o que também pode ser um fator estabilizador no preço do ethereum”.