De acordo com as últimas conversas que a Neuberger Berman teve com os family offices, as firmas de médio porte terminaram 2023 oferecendo um retorno de entre 8% e 10% – em termos de dólares. Em particular, os family offices dos Estados Unidos, de forma geral, obtiveram rendimentos mais altos do que os da região EMEA (Europa, Oriente Médio e África), “dada sua maior exposição às ações dos EUA”, explica a entidade.
Em seu último relatório, correspondente a maio, a gestora indica que as firmas que estão no primeiro quartil conseguiram rendimentos próximos de 12% e 13%, enquanto as que estão no quarto quartil obtiveram em torno de 3%-4%. Apesar da dispersão nas rentabilidades, uma das conclusões detectadas é que os principais objetivos de retorno dos family offices são superar a inflação a longo prazo. “Observamos que os family offices de primeira geração têm objetivos de retorno mais altos, em torno de 12%-15%. Por outro lado, em 2023, a grande área de baixo rendimento para os family offices foi uma subponderação ao risco, especificamente aos mercados de ações. A maioria não comprou ações em 2022 ou 2023 e aqueles que o fizeram agora consideram que sua exposição não foi suficiente. Além disso, as exposições aos mercados privados foram estáveis durante o ano passado, especialmente no venture capital, que representou apenas entre 2%-5% das carteiras na região EMEA e entre 5%-10% nos EUA.”, explicam.
Onde os family offices estão focando?
Como resposta aos erros cometidos em 2023, a Neuberger Berman aponta que há muitos impulsionando os mercados de capitais este ano. “O capital é escasso e os investidores ainda estão inseguros, mas o grande tema é a grande oportunidade de ser um provedor de liquidez em todas as classes de ativos”, comentam.
Nesse sentido, a gestora observa que os family offices estão avaliando três aspectos. Em primeiro lugar, estão reavaliando suas posições e buscando liquidez, o que inclui investimentos em imóveis e venture capital. Em segundo lugar, consideram que o crédito tem uma melhor relação risco/retorno do que a renda variável, portanto, observa-se uma certa tendência para o crédito alternativo e a dívida privada, em particular, high yield, CLOs e bônus híbridos. Por último, detectaram interesse em falar sobre secundários, distressed e soluções de capital.
“À medida que o ano avança, os clientes estão se movendo para ativos de maior risco, mas o dinheiro ainda é uma opção muito viável. Os family offices estão sendo pagos para esperar como nunca antes, e esperamos que isso continue até que o Fed corte as taxas de juros. A boa notícia é que com os mercados públicos subindo e a liquidez do mercado privado retornando, o apetite pelo risco está aumentando lentamente”, indicam da Neuberger Berman.
Principais “apostas”
Ao analisar os principais segmentos de ativos, a Neuberger Berman detectou que os family offices estão aumentando sua alocação em mercados privados. “Os ativos ilíquidos geralmente foram um peso nas carteiras, com alocações variando entre 10% e 60%. As avaliações agora estão próximas de estar planas em relação a 2021. A maioria dos clientes procura ideias que aproveitem o estresse, as disfunções, a volatilidade. Estamos ouvindo muito menos sobre acordos diretos na EMEA, mas eles ainda são um tema importante nos EUA. Observamos, através de nossa base de clientes, um interesse marginal, mas crescente em estruturas perenes no crédito, menos em PE. Muitos investidores querem entender as vantagens e desvantagens dessas estruturas. Em geral, os family offices estão muito mais focados em tarifas, o que está levando a um maior interesse em financiar ou ajudar a lançar novas estratégias em troca de um desconto em tarifas. O foco principal está no crédito alternativo, soluções de capital e co-investimentos”, indicam em seu relatório.
Quanto à renda fixa, apontam que esta perdeu interesse em relação à privada. Explicam que isso ocorreu, em grande parte, porque os investidores decidiram não permanecer à margem e não tomar posições por receio de estarem errados no timing, devido à falta de clareza na política monetária dos bancos centrais.
No caso da renda variável, o documento destaca que o interesse em incorporar ações à carteira é bastante limitado, já que muitos investidores consideram que já perderam o rali de 2023. “A maioria dos family offices está repensando a escolha de seus gestores ativos e se movendo para passivos, o que faz com que a eficiência fiscal seja uma consideração importante. As alocações para Japão e Índia estão aumentando e os contrarians querem falar sobre a China. Uma tendência interessante que temos visto é que os family offices estão internalizando a alocação de capital em ações”, indicam.