O Brasil está se destacando como uma fonte atraente de segurança alimentar em um mundo cada vez mais preocupado com a diversificação das fontes de alimentos, especialmente em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo a BlackRock.
Essa oportunidade vem em meio a um remodelamento das cadeias de suprimento globais, num contexto de pós-pandemia, e que ainda conta com uma tensão ante a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, diz Axel Christensen, Estrategista Chefe de Investimento na América Latina, em evento realizado pela gestora com a imprensa. “Acho que uma compreensão mais ampla do nearshoring poderia incluir o fato de que o Brasil está se tornando uma fonte muito atraente em termos de segurança alimentar”.
“Hoje temos empresas que, na perspectiva de manufatura, olham para o México para ser um fornecedor de produtos para os EUA. No caso do Brasil, há uma oportunidade muito forte de ter um mercado mais amplo em termos de fornecimento de alimentos”, diz Christensen. No entanto, ele salienta que, apesar de ter esse papel potencial, o país precisa realizar investimentos.
“Certamente o Brasil tem uma oportunidade muito forte de ter um mercado mais amplo em termos de fornecimento de alimentos”, afirmou, condicionando a expansão potencial no setor a um investimento robusto em infraestrutura, como construção de mais estradas e a modernização de portos para facilitar o transporte eficiente e seguro dos produtos agrícolas brasileiros para os mercados internacionais. “Essa é uma oportunidade que exigirá investimentos em infraestrutura. Então, o fato de que talvez mais estradas, mais modernização de portos tenham que ocorrer para que esse potencial se realize.”
Demanda crescente por recurso e energia
Além da infraestrutura de transporte, há uma crescente demanda por energia, especialmente fontes renováveis. Com o aumento da demanda por centros de dados e a necessidade de energia sustentável, o Brasil, com seus vastos recursos naturais, está bem posicionado para se beneficiar desse cenário. “Os centros de dados terão uma demanda crescente por energia, especialmente fontes renováveis, o que significa que haverá uma necessidade maior de cobre e outros materiais básicos, recursos nos quais o Brasil é rico”, destacou Christensen.
Competitividade Tecnológica e Startups
Outro ponto relevante é a competitividade das startups e empresas de tecnologia na América Latina. Muitas dessas empresas têm demonstrado sua capacidade de inovar e competir globalmente, mas frequentemente optam por abrir capital fora da região. “Muitas startups na América Latina são muito competitivas no espaço tecnológico, mas quando decidem abrir capital, listam-se fora da região e não dentro dela”, explicou Christensen. Para atrair e reter essas empresas, os países da região, incluindo o Brasil, precisam criar ambientes mais favoráveis ao investimento e ao crescimento dessas companhias.