O México vive um momento importante no seu papel de protagonista da economia regional. Esta posição poderá impulsioná-lo até a ser um dos grandes protagonistas da economia mundial ou mesmo a estrela da próxima década, segundo a análise do país elaborada pelo grupo espanhol MUTUACTIVOS.
A chave para uma mudança positiva na economia mexicana reside nas duas grandes potências globais, os Estados Unidos, vizinho do México, e a China, a segunda maior economia do planeta.
Estas potências têm estado envolvidas numa guerra comercial nos últimos anos que já tem consequências globais positivas e negativas, e tudo indica que o México recebeu e receberá maiores benefícios do que danos nos próximos anos, não só devido à sua proximidade geográfica, mas também devido a algumas outras razões econômicas e demográficas que o favorecem, observa o grupo.
A guerra tarifária para conter a “invasão chinesa” do maior mercado consumidor do planeta, iniciada com o ex-presidente Donald Trump e mantida e aprofundada com Joe Biden, tem provocado o redirecionamento de milhares de milhões de dólares para destinos mais amigos do capital. O México, indica MUTUACTIVOS, é um dos lugares ideais.
Na indústria automóvel o que está a acontecer reflecte-se com uma clareza esmagadora. “Os carros elétricos são uma das grandes apostas da China para manter a sua hegemonia industrial durante as próximas décadas; Porém, agora com uma tarifa de 100%, a sua comercialização nos Estados Unidos será praticamente impossível e é bastante provável que a União Europeia siga os mesmos passos”, afirma a análise da empresa.
Como as tarifas afetam apenas os produtos fabricados na China, a estratégia das empresas do país asiático mudou. As empresas procuram novos mercados que lhes permitam evitar todos os riscos geopolíticos que o gigante asiático tem enfrentado nos últimos anos, e que também lhes proporcionem acesso preferencial a grandes mercados. Aqui, um país se destaca acima de quase todos: o México.
O que o México oferece?
O México tem um PIB de cerca de 1,5 trilhão de dólares e uma população de quase 130 milhões de pessoas e é a segunda maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil. Em suma, o país tem uma vantagem que quase ninguém mais tem: partilha 3.000 quilómetros de fronteira com os Estados Unidos, o coração do comércio global e do capitalismo.
Até agora, o país não tinha conseguido aproveitar completamente esta vantagem, mas tudo indica que as coisas estão a mudar, segundo a MUTUACTIVOS.
Por exemplo, em 2023 o país atingiu um recorde de Investimento Direto Estrangeiro, com pouco mais de 36 bilhões de dólares, dos quais se estima que metade foi para o setor industrial. Isso reflete a chegada das indústrias ao país para produzir e dar o grande salto para o mercado consumidor mais importante do planeta.
A posição geográfica do México não é qualquer coisa. As empresas veem grandes vantagens que vão desde a redução a quase zero dos movimentos globais de mercadorias, sem os perigos de ataques piratas no mar e, claro, a possibilidade de conflitos que cortam ou interrompem as cadeias de abastecimento através dos riscos climáticos. Tudo isso diminui com a produção nas portas do mercado-alvo.
O progresso do México no comércio global não é apenas uma realidade, mas também parece imparável, segundo a empresa, no ano passado ultrapassou a China como principal parceiro comercial dos Estados Unidos, uma mudança vertiginosa que também se reflete no setor automotivo, hoje convertido; em um ator estelar para a economia latino-americana.
Mas o dinamismo do setor automóvel mexicano tem outra particularidade que não passa despercebida: atualmente mais de dez fabricantes chineses anunciaram planos de se instalarem neste país, ou mesmo já estão presentes, sem esquecer a presença da Tesla num futuro próximo, a o magnata do poder da fábrica de automóveis, Elon Musk.
“O aumento dos investimentos e o papel do país no comércio mundial trará consigo uma nova classe média que estimulará a procura interna, tendo em vista que neste momento o México se encontra numa fase semelhante à da China registada entre 2014 e 2015”, comenta Penglan Zhao, sócio da BAI Capital, em depoimentos recolhidos pela MUTUACTIVOS.
Um exemplo disso é o desempenho do comércio eletrônico, onde os chineses também chegaram ao país com força incomum há alguns meses. Shein e Timu são a ponta de lança deste setor no país asteca, aproveitando a recuperação da classe média com bons rendimentos e perspectivas favoráveis.
A análise aposta que, dentro de aproximadamente cinco anos, o México será uma sociedade digital e muito mais avançada do que podemos imaginar.
Briga contra a história
Não obstante o futuro brilhante que se prevê para o México com base nas condições favoráveis determinadas pela geopolítica, a análise elaborada pela MUTUACTIVOS também alerta para o risco de fazer voar os sinos e salienta que tudo o que foi dito ainda não conduz à certeza sobre se o país latino-americano conseguirá desta vez.
A história do país está repleta de muitas oportunidades desperdiçadas para dar o grande salto na sua economia. Nesta ocasião, também estão presentes os desafios e obstáculos que devem ser superados, a começar pelo fardo da corrupção e da insegurança, que não se vê como podem diminuir nas actuais condições de governação.
Estes não são problemas menores: por exemplo, os custos de segurança associados ao transporte de mercadorias podem representar até 60% dos custos para as empresas, uma taxa demasiado elevada, quase impossível de ser paga por muitas delas.