Após meses de taxas mais baixas e fluxos positivos, a indústria peruana de fundos mútuos antecipa um excelente 2024, e o BBVA Asset Management não é exceção. Liderando o aumento do AUM, segundo o CEO do escritório no país, Antonio Cevallos, o escritório está focando na expansão do chamado segmento afluente por meio de um modelo completo de assessoria que eles chamam de “prime banking”.
“Somos os primeiros no crescimento acumulado no ano, com mais de 25% de crescimento no AUM total. Para cinco meses é um número bastante relevante”, indica o executivo, em entrevista à Funds Society. E um dos fatores diferenciadores, acrescenta, é que reforçaram a sua oferta para o segmento afluente, que antes apenas promoviam “timidamente”.
“Estamos a apostar muito na nossa banca tributária, a banca prime”, afirma, acrescentando que isso envolveu um relançamento do segmento e uma nova estrutura interna. Mais do que aumentar o seu quadro comercial ou de consultores financeiros, o executivo de topo descreve que se trata de “criar equipas –não tão grandes– de consultores, com um viés mais de investimento, que alavanquem estes banqueiros de primeira linha”.
Assim, com um mix de tecnologia –ancorada na aplicação BBVA– e consultores que incorporaram mais produtos de investimento no seu portfólio, a firma reformulou a oferta para clientes com um “foco mais holístico”. A estratégia do escritório é oferecer produtos financeiros e não financeiros, “com nuance consultiva”, contando com uma equipe de banqueiros e consultores especializados.
A conquista do afluente
Estes segmentos de clientes, para o BBVA, são aqueles que se enquadram na faixa tradicional do private banking, que designa mais de US$ 500.000. Em média, descreve Cevallos, eles movimentam entre 100.000 e 150.000 dólares. A tendência da classe de ativos, por sua vez, inclina-se para o numerário e o rendimento fixo.
E os resultados justificam o esforço. Dos fluxos líquidos que se somam no ano, cerca de dois terços provêm da banca de primeira linha. “É um segmento que arrecadou uma parte muito boa do AUM e que está a dar frutos”, indica o CEO da gestora, acrescentando que os clientes estão a avaliar bem esta proposta “mais holística”.
Além disso, é uma categoria com potencial de crescimento, segundo o BBVA AM. “Em todos os fundos mútuos, o nosso número total de clientes é superior a 100 mil”, explica, enquanto para o segmento prime têm 35.000 clientes “mapeados”.
Isto está alinhado com a estratégia histórica da empresa-mãe espanhola, que no passado já se lançou para atrair investidores do mundo do retalho. “Lá temos sido fortes e temos subido gradativamente na pirâmide”, afirma o profissional.
Outros focos
Outro segmento que olham com interesse é o de clientes corporativos, que consiste no negócio de administração de caixa de empresas.
“Em outras partes do ciclo foram bastante relevantes”, descreve Cevallos. Durante 2021 e 2022, o spread entre fundos e depósitos a prazo levou as empresas aos bancos. Hoje, porém, “começamos a ver um retorno ao nível do sistema”, diz ele.
Neste momento, o segmento aprecia que os fundos mútuos ofereçam produtos mais diversificados e com prazos diferenciados. “Isso nos permite ficar acima do que uma jazida tradicional oferece”, num momento em que as mineradoras, por exemplo, relevantes no mercado peruano, apresentam “excedentes relevantes” fruto de um ciclo positivo.
Ao nível dos produtos, centram-se em produtos a prazo definido, principalmente em dólares, aproveitando a situação das taxas de juro; e na complementação de sua grade de produtos em moedas, prazos e estratégias globais, principalmente em renda fixa em dólares.