O primeiro trimestre de 2024 trouxe um cenário positivo para os investimentos das pessoas físicas no Brasil, que cresceram 6,1% em relação ao final de 2023, totalizando R$ 6,8 trilhões. Esse montante inclui tanto os segmentos private, que atendem clientes com mais de R$ 5 milhões aplicados, quanto os segmentos de varejo alta renda e varejo tradicional.
Crescimento do Segmento Private e Varejo
O segmento private registrou um crescimento de 7,4%, alcançando R$ 2,2 trilhões. Este segmento possui 156,4 mil contas e 66,2 mil grupos econômicos. No varejo, o volume de investimentos subiu 5,5%, atingindo R$ 4,6 trilhões, dos quais R$ 2,2 trilhões estão no varejo tradicional e R$ 2,4 trilhões no alta renda. As contas de varejo somam 163,5 milhões, destacando-se que um mesmo CPF pode possuir múltiplas contas em diferentes instituições e produtos.
Alocação das Carteiras
A distribuição dos investimentos mostra que 45,3% (R$ 3,1 trilhões) estão alocados em títulos e valores mobiliários, um aumento de 7,4% em relação a 2023. Os fundos de investimento representam 24,9% (R$ 1,7 trilhão), com um crescimento de 6,4%. A previdência também apresentou alta, subindo 7,6% e representando 16% (R$ 1,1 trilhão) do total investido. A poupança, no entanto, perdeu espaço, caindo de 14,5% para 13,6%, totalizando R$ 917,5 bilhões.
Tendências e Declarações
“A conjuntura econômica do primeiro trimestre, com queda na inflação e na taxa de juros, aumentou a confiança do investidor. Isso resultou não apenas no aumento do volume aplicado, mas também em uma maior diversificação das carteiras”, afirmou Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição.
Investimentos Isentos Crescem
Mesmo com as restrições impostas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para a emissão de produtos isentos de imposto de renda, os investimentos nesses ativos continuaram a crescer. A Selic, embora em queda, ainda em dois dígitos, favoreceu os investimentos em renda fixa isentos de imposto.
Os CRAs e CRIs cresceram 19,9% e 17,5%, respectivamente, enquanto as LCIs aumentaram 15,7%. As LCAs e LIGs tiveram aumentos mais modestos, de 5,2% e 1,9%. As debêntures incentivadas, que não foram afetadas pelas novas regras, cresceram 9,1%.
Produtos Sem Benefício Fiscal
As debêntures tradicionais cresceram 15,4%, impulsionadas pelo aumento de 44,8% nas aplicações de clientes do varejo, enquanto no segmento private houve uma queda de 1,9%. Os CDBs registraram um crescimento de 7,2%, somando R$ 923,5 bilhões, e os títulos públicos aumentaram 10,2%, totalizando R$ 162,6 bilhões. As ações subiram 2,2%, chegando a R$ 712,1 bilhões.
Fundos de Investimento
Os FIPs cresceram 19,9%, e os FIIs registraram um aumento de 16,9%. Os fundos de renda fixa subiram 13,3%, enquanto os multimercados e fundos de ações permaneceram praticamente estáveis.
Crescimento Regional
Todas as regiões do Brasil apresentaram crescimento nos investimentos. O Sudeste, que detém o maior volume, cresceu 5,3%, alcançando R$ 4,5 trilhões. O Sul teve um aumento de 8%, totalizando R$ 1,2 trilhão. No Nordeste, o crescimento foi de 7%, somando R$ 611,4 bilhões. A região Centro-Oeste cresceu 8,3%, para R$ 359,1 bilhões, e o Norte apresentou um aumento de 6,7%, chegando a R$ 114,1 bilhões.
O cenário atual demonstra uma confiança renovada dos investidores brasileiros, com uma diversificação crescente e uma preferência por ativos de renda fixa isentos de imposto de renda, mesmo diante das novas regras do CMN.